Blog “Educação, Didática, Pedagogia e
Andragogia”, de autoria de Superdotado Álaze Gabriel. Disponível em http://educacaodidaticapedagogiaeandragogia.blogspot.com.br/
QUALIDADE, AMBIENTES E
APRENDIZAGENS NA PRÉ-ESCOLA.
A educação de crianças pequenas em
instituições tem trajetória que foi marcada por cuidados com ênfase higienista
e de custódia, isto é, a saúde e proteção da criança recebiam maior atenção. Mudanças
recentes no cenário da educação de crianças pequenas brasileiras ocasionaram a
passagem da responsabilidade da Assistência Social para o setor da educação.
Com enfrentamentos e rompimentos, uma nova etapa foi desencadeada baseada no
entendimento de que os cuidados e educação destas crianças deveriam ser feitos
em instituições educativas. Esta trajetória histórica apresenta diversos
desafios e por isso, as conquistas são celebradas, sejam elas do ponto de vista
das políticas, organizacional, pedagógico ou física- estrutural (tanto de
prédios e infra-estrutura; como do ponto de vista da saúde física das
crianças). A avaliação da qualidade, dentro desta perspectiva histórica, é
relativa e depende largamente dos objetivos e foco que desejamos para esta
avaliação. Os avanços políticos, organizacionais e de infra-estrutura são
conquistas que dão forma ao atendimento pedagógico, mas eles, os avanços, não
desencadeiam mudanças pedagógicas automaticamente sem a intervenção e atenção
dos profissionais envolvidos tanto do ponto de vista político quanto da prática.
Em outras palavras, a infra-estrutura e as políticas introduzem desafios e
novas tendências, mas não transformam automaticamente a prática diária. É
necessário que haja uma análise crítica dessas – políticas e práticas - para a
melhoria e adequabilidade das práticas pedagógicas em pré-escolas. As
práticas pedagógicas refletem as oportunidades de aprendizagem que oferecemos às
crianças no seu cotidiano na escola.
Monitorar a qualidade da pré-escola
envolve, em primeiríssimo lugar, verificar se: há respeito aos direitos das
crianças; a infra-estrutura é adequada para a faixa etária e ao número atendido
de crianças; o currículo é adequado e fomenta o desenvolvimento e crescimento
das crianças, com amplitude, profundidade e complexidade adequadas; há
congruência entre a cultura da comunidade/famílias e o programa desenvolvido; o
grupo de adultos responsáveis é profissional da área específica. A descrição do
processo de construção e execução das oportunidades educacionais das crianças
pode revelar o que é pensado para o grupo atendido tanto em termos macro
(refletindo as políticas federais) quanto em termos micro (políticas municipais,
assim como as decisões de órgãos como as CRE e da unidade dentro de suas
especificidades). Avaliar as condições oferecidas para desenvolver o que foi
planejado e pensado implica em revelar a natureza do cotidiano e os percursos
da prática educacional diária a que as crianças estão efetivamente expostas. A
descrição da natureza do cotidiano nos revela a freqüência e as oportunidades
que as crianças têm de interagir com as informações, materiais, pares e adultos.
Experiências que são programadas para
ocorrer esporadicamente, como por exemplo, uma semana com uma seqüência pré-programada
de atividades que fogem da rotina diária da unidade pode trazer muita alegria e
prazer para todos, mas esta ação isolada não garante que os conceitos ali
trabalhados sejam absorvidos e utilizados da maneira desejada e necessária. As
experiências devem ser fomentadas continua e repetidamente atentando para a
evolução do processo de aquisição de conhecimento e de desenvolvimento de novas
habilidades. As crianças precisam da exposição às informações por longos
períodos de tempo para que tenham a possibilidade de explorar a informação de
maneira a compreendê-las assim como de as utilizarem em suas novas tentativas
de conhecer o mundo e interagir com o que ele as oferece. Registrando as
experiências esporádicas e as disponibilizando pode potencializar o impacto
delas no processo de aprendizagem das crianças.
Embora, muitas vezes não seja
perceptível o poder do cotidiano, é através dele e é nele que as pessoas se
desenvolvem, aprendem e se relacionam usufruindo as condições criadas e
sistematizadas, e no caso da pré-escola, na unidade educacional
(Bronfenbrenner, 1998). É a relação e a interação com as pessoas no cotidiano
juntamente com os recursos alocados nos espaços definidos para o
desenvolvimento de experiências para,
com e pelas crianças que definem a amplitude e complexidade das oportunidades e
do processo de aprendizagem e educação. As tendências teóricas expressas no
projeto pedagógico e a forma e conteúdo expressos no planejamento das ações
revelam a extensão das possibilidades e os caminhos que poderão ser traçados e
realizados pelos envolvidos. A prática diária revela como as crianças têm
acesso ao que foi planejado (quando há planejamento) e as situações que poderão
ser criadas a partir dela.
Acreditamos hoje que a criança não é
mera receptora de informação e nem é uma máquina fotográfica que imprime em um
filme interior as estruturas do ambiente; ela é, antes de qualquer coisa,
construtora de seus conhecimentos (Lino, 1998 em Zabalza, 1998). Partimos,
então, dessas premissas: a criança é ativa e o conhecimento é construído. Acrescentamos
também a importância de proporcionar às crianças um ambiente rico em
possibilidades, experiências e discussões (diálogos e interações), visando à
resolução de problemas nas mais diversas situações, sejam elas de brincadeira,
leitura, construção de textos ou regras para jogos e convivência social e etc.
Tendo estas duas premissas em mente, a
organização de espaços para as vivências e experiências (auto-iniciadas e/ou
propostas por adultos ou pares) sempre apoiadas pelos adultos tem importância
destacada na pré-escola. Os adultos devem então planejar oportunidades intencionalmente
organizadas e que levarão as crianças a desenvolver sua capacidade de pensar ao
se engajarem no processo de construção das relações com os outros e de seu
conhecimento. Nestes espaços de vivências e experiências intencionalmente
preparados, as crianças terão ainda a possibilidade de enfrentar-se com os
outros, seus pares e adultos, escutando
as diferentes perspectivas sobre uma situação, sobre o problema, acontecimento
ou história e ainda, aprendendo a dedicar tempo explorando, discutindo,
debatendo e defendendo pontos de vista, decisões e conclusões. Os espaços de experiências
e relação constituem-se de processos ricos de desenvolvimento, tanto
intelectuais como sociais, pois, à medida que os vivencia, a criança esclarece o
próprio pensamento ao ver as ações dos outros e escuta com interesse e atenção
o pensamento dos outros para então,
perceber a sua posição em comparação com a de todos inclusive a sua própria.
Esta prática impulsiona as crianças para aprendizagem significativa.
A nossa tarefa, enquanto educadores, é
fazer um planejamento que prepare: a) o espaço, os materiais e brinquedos de
maneira que as crianças possam acessar facilmente o que precisam para seus
planos; b) e a si mesmos para gerar/possibilitar interações positivas com as
crianças. O planejamento deve então considerar o espaço e suas possibilidades,
os materiais e brinquedos que instigam as crianças a desenvolver atividades
pertinentes e interessantes; e os educadores, por meio de diálogos constantes e
envolvimento nas atividades das crianças (as auto-iniciadas ou não), esclareçam
a posição em que se encontram (em termos de planos, atividades, experiências) e
as desafiem de maneira a impulsioná-las para novas descobertas. Os materiais,
brinquedos e interações, intencionalmente escolhidos e preparadas, serão
ferramentas para revelação de seus pensamentos e execução de seus planejamentos
para jogos, brincadeiras, experimentações, construções, leituras e registros.
Um ambiente assim fomenta aprendizagem. É importante mencionar que a
brincadeira aqui é considerada como possibilidade de aprendizagem e não somente
como atividade sem finalidade educativa.
A autonomia, dentro dessa proposta de
trabalho, é um conceito importante e é, na verdade, a partir dele que organizamos
o cotidiano. Preparar o ambiente para que as crianças, gradativamente, se apropriem
dele, significa que compreendemos como elas agem a reagem frente aos desafios.
Significa que conhecemos suas possibilidades e limitações e por isso, montamos
o ambiente para que elas possam “descobrir” novas soluções e construir novos
conhecimentos à medida que tem acesso ao que precisam (como por exemplo, a
colaboração dos adultos) e querem. Além disso, um ambiente assim ensina a
criança a ser autônoma e gradativamente responsável (dentro das possibilidades
reais de crianças de 4 e 5 anos) por aquilo que escolhe, planeja, pensa e
produz.
Apesar do processo de construção da
autonomia ser interno, ele pressupõe uma organização externa também e por isso
a organização das salas/ambientes para uso individual e/ou uso coletivo é
primordial para o trabalho na pré-escola. O espaço definido em termos de
organização e utilização, deve ser
constantemente avaliado potencializando as possibilidades de interação,
investigação e promoção de aprendizagem. O papel do adulto se configura mais
como gerador da autonomia na ação da criança do que propriamente como dirigente
da ação.
Uma pergunta que ajuda a nos orientar
neste sentido seria: como é a relação adulto/criança: ela está baseada no
controle das atividades (por exemplo, na seqüência delas; já as tenho todas
prontas e pré-estabelecidas; da escolha dos grupos de crianças para
determinadas atividades, etc.) ou na cooperação entre adulto e crianças e
crianças e crianças (por exemplo, permito que elas escolham com quem gostariam
de trabalhar/brincar; qual projeto elas gostariam de desenvolver em pequenos
grupos; quais as estratégias e materiais que usarão para registrar em seus
cadernos de atividades; adquirem autonomia para irem a outros espaços para
buscar inspiração para suas atividades dos projetos individuais ou de pequenos
grupos, etc.)? Qual é a minha disposição para ouvir a cada uma delas para
entender seus motivos e interesses?
Como seria então esse ambiente que
refletiria uma prática que valoriza a
ação das crianças? Como nos organizaríamos para que as crianças, ordenadamente,
utilizem esse espaço a favor de suas próprias construções e aprendizagens e
daquelas do grupo como um todo? Como esse ambiente reconhece suas demandas e
seus interesses? Como nós, educadores, nos prepararíamos para liderar o processo
de construção do conhecimento e das relações de/com cada uma das crianças?
Há algumas metodologias que valorizam o
acesso aos materiais e brinquedos em sala (Zabalza, 2008; Gandini e Edwards,
2002), pois acreditam que tendo acesso a eles, as crianças, gradativamente,
aprendem a utilizar aquilo que precisam para suas ações, brincadeiras e
experiências de maneira organizada e rica. Para isso, o ambiente deve estar
sistemática e intencionalmente organizado, dando às crianças estrutura e forma,
no sentido de apoio e encorajamento para o desenvolvimento do trabalho. Devemos
lembrar que o trabalho para as crianças na escola deve ser sempre facilitador de
sua compreensão sobre os fenômenos investigados e conhecimentos construídos.
Por exemplo, numa estante onde expomos os vários tipos de blocos lógicos,
etiquetas com símbolos e nomes dos objetos ajudam as crianças a arrumar e
organizar sua sala assim como as mantêm em contato com o mundo letrado de
maneira mais espontânea, porém, mais significativa do que simplesmente ter o
alfabeto exposto na parede. É interessante que as áreas de trabalho na sala
estejam bem definidas, para que as crianças entendam e saibam utilizar a sala a
partir da lógica da arrumação da mesma, isto é, que as crianças percebam
claramente como ela foi organizada e como ela deve ser usada. Desta forma, as
crianças aprendem a se expressar por meio de suas vivências e experiências, de
maneira organizada e sistemática, respeitando seus limites e o dos outros que
compartilham o mesmo ambiente e material. A aprendizagem pressupõe organização,
isto é, é importante que a criança encontre uma situação que seja promotora,
que permita que ela veja, entenda e utilize a informação para que a construção
do conhecimento ocorra efetivamente. O ideal é que o ambiente (significando
materiais, brinquedos, objetos e pessoas) conduza o processo de construção do
conhecimento, acompanhe os passos dados para a aprendizagem e seja possível
registrar o que viram, ouviram e concluíram.
A arrumação da sala/dos espaços também
pressupõe o tipo de rotina e os diferentes tempos que guiarão a criança durante
o dia na pré-escola. As crianças de 4 e 5 anos já conseguem compartilhar
conosco tanto a organização da sala, quanto a previsão das experiências do dia.
Elas se interessam por tudo que as instigue, que fomente sua curiosidade, que
promova novas experiências e que permita que elas se engajem em seus
interesses. Devemos estar atentos a essa característica das crianças de 4 e 5
anos.
Podemos falar de uma educação infantil contemporânea
sendo aquela que considera uma proposta de qualidade para as crianças de 4 e 5
anos, isto é, consideramos que a criança é ativa, que brincar é importante e
que o diálogo é o meio pelo qual proporcionaremos desenvolvimento e
aprendizagem. Consideramos como de qualidade aquela proposta que tem como meta
principal proporcionar às crianças rotinas na pré-escola que sejam pertinentes
culturalmente e em termos desenvolvimentais fomentando sua autonomia. Ressaltamos
que a organização dos ambientes, das interações, e dos materiais e brinquedos é
ponto de partida para uma proposta de qualidade. Indicamos também a importância
da organização dos tempos de maneira a valorizar, principalmente, as
experiências individuais (as crianças gostam de ter seus próprios projetos) e
aquelas em pequenos grupos (crianças nesta faixa etária aprendem melhor quando tem
mais oportunidades de se expressar, falar, mostrar suas produções e confrontar
suas idéias freqüentemente em grupos menores). As atividades de grande grupo são
importantes, porém não devem ser priorizadas nesta faixa etária, ou mesmo na
creche. Reunir-se com o grupo todo,
principalmente no início e no final do dia orienta as crianças, mas programar
para que tudo aconteça em grande grupo não contempla a natureza da criança
nesta faixa etária nem potencializa as possibilidades para a aprendizagem e
interações. Reparem como elas gostam de conversar com seus vizinhos na hora da
rodinha, como elas se afastam da história contada em grande para criar uma
própria com seu par predileto, como um pequeno objeto é desencadeador de uma
conversa com ela mesma abrindo seu mundo para novas conquistas, descobertas e
produções...
CONSIDERAÇÕES
(OU QUESTIONAMENTOS) FINAIS
Para nos orientarmos no desenvolvimento
de uma proposta de qualidade, podemos nos questionar sobre as diversas
oportunidades para aprendizagem:
a)
Há
materiais e brinquedos em número suficiente e acessíveis para as crianças?
b)
Há
oportunidades para escolha de atividade que fomente a autonomia e possibilite a
expressão individual e criativa de cada criança?
c)
Há
oportunidades para escolha de atividade que fomente a autonomia e possibilite a
expressão de pequenos grupos e a escolha de seus pares?
d)
Atividades
de pequenos grupos são planejadas e permitem que as crianças escolham seus
pares?
e)
A
sala está organizada de maneira a retratar o que as crianças fazem e podem e
querem fazer? Se sim, o que elas revelam?
f)
As
crianças podem se engajar em brincadeiras livres se envolvendo com livros e
brinquedos ao mesmo tempo?
g)
Os
adultos se envolvem nas brincadeiras e iniciativas das crianças para
complexificar o pensar e o fazer das crianças?
h)
O
envolvimento das crianças em atividades livres e/ou programadas as impulsionam
para manter seu pensamento ativo tentando solucionar problemas (tais como, o
que utilizar para fazer a casinha ficar de pé; como construir uma pista com
curvas para os carros e caminhões, como programar uma atividade com água e
areia, etc.), criar novas situações de aprendizagem e socialização?
i)
O
que disponibilizamos a elas é desafiador, interessante, provocador ou
repetitivo?
j)
Elas
têm a oportunidades de falar, explicar, perguntar, pesquisar e descobrir coisas
que lhes interessam diariamente?
O caso abaixo
nos fornece dados para uma reflexão:
“Ao
entrar numa unidade de educação infantil com atendimento integral, pode-se
identificar a comunidade na qual está inserida. No alto de um morro, com
cômodos pequenos distribuídos em três andares, via-se com facilidade, a
vizinhança bem próxima. De motivos alegres, coloridos e infantis as paredes do
pátio, salas e refeitório estavam enfeitadas. Os nomes das crianças com fotos
ao lado, enfileirados numa chamadinha também
era visível na parede das salas.
Havia materiais, equipamentos, jogos e brinquedos de vários tipos, com algumas
réplicas, que ficavam guardadas em armários localizados nas 6 salas para 4
turmas de creche e 2 de pré-escola que atendiam na sua capacidade máxima. Os trabalhos das crianças estavam expostos
mostrando que todas elas tiveram a oportunidade de fazer a mesma atividade
utilizando os mesmos recursos; os pertences das crianças estavam empilhados em
mesas de canto e em pinos nas salas; na
sala dos bebês, tapetes emborrachados no chão para o acolhimento; livros
expostos organizadamente numa pequena biblioteca, em outro cômodo, com alguns
recursos para contação de história. Os banheiros, um em cada andar, são
infantis, com 3 vasos enfileirados sem divisórias, 2 pias
baixas, além de um chuveiro elétrico colocado num dos cantos do aposento. As crianças, enfileiradas, seguiam de uma
sala a outra já prevendo o que iriam fazer, e os adultos, com atenção e
organização, sistematizava a caminhada para a nova atividade cantando música
temática e disciplinar. O projeto político pedagógico, disponível para consulta,
prevê oportunidades para aprendizagem, contato com os pais, e formação em
serviço para os profissionais. Ao final do dia, sentadas no chão, encostados na
parede ou em rodinha marcada no chão, esperam que os pais/responsáveis os
venham buscar.”
A descrição do caso acima revela a
tentativa de implementação das políticas educacionais para a infância, a
natureza das relações e possibilidades de desenvolvimento da autonomia com as
crianças. Revela também como as unidades de EI para o atendimento as crianças pequenas
e o que priorizamos para a organização do tempo e do espaço. O caso descrito
satisfaz nossos parâmetros de qualidade? Reflete as políticas públicas e as
orientações curriculares vigentes? Dá-nos dados suficientes para analisar a
experiência das crianças nesta escola? Parte das duas premissas que citamos no
início desse texto? Sugiro que cada equipe se retrate a partir deste caso e
tente contextualizar a sua própria prática.
Um ambiente que favorece uma rotina
equilibrada que: a) prevê diferentes momentos (calmos e ativos; dedicados a
possibilidades de trabalhar sozinho ou em pequenos grupos; em áreas internas e
externas); b) oferece possibilidades de experiências simultâneas; c) com
materiais e brinquedos que instiguem e fomentem a curiosidade das crianças e
que estejam acessíveis a maior parte do dia; d) exige a interação entre
crianças e entre crianças e adultos; e) ponha à disposição recursos e
informações sobre as diversas áreas do conhecimento e diversas linguagens;
garante que as crianças mantenham seu pensamento ativo e alerta para novas
aprendizagens.
A rotina/tempo pode ser composta/o por
momentos de grande grupo para compartilhar informações que são interessantes
que todos saibam (mas registre-as e as exponha de maneira que as crianças
possam consultá-las sempre que necessário e/ou desejarem); de brincadeira livre
em sala, quando as crianças podem se engajar em projetos com seus pares, em
projetos discutidos entre elas (o adulto pode se envolver nas propostas das
crianças ajudando-as a fazer uma lista sobre o que vão precisar para o
desenvolvimento de uma idéia, por exemplo); de leitura de histórias em pequenos
grupos (enquanto outras crianças podem desenhar, fazer uma pintura ou massinha;
ou brincar com jogos ou faz-de-conta); de cuidados pessoais e alimentação;
jogos e brincadeiras com regras construídas coletivamente em área externa;
disponibilize materiais tais como diferentes lápis e canetas, tesouras, colas,
recortes, letras de vários tamanhos e tipos, formas geométricas de várias cores,
papéis e tamanhos para construção de cenários em papel 40 quilos ou folha A4, para construções que
apóiam a brincadeira ou o interesse por um tema em específico; faça um
jogo/brincadeira que acalme as crianças, em pequenos grupos, enquanto outros manuseiam
livros e revistas (para atividades
calmas)e feche o dia re-lembrando toda a seqüência da rotina incentivando-as a
fazer planos para o próximo dia. As conversas podem ser registradas pelos
adultos junto com as crianças para que elas possam consultar quando quiserem.
Os temas por elas explorados e introduzidos pelos adultos devem estar sempre
presentes, organizadamente disponibilizados para consulta e exploração e os
adultos atentos às oportunidades que poderão contribuir para a aprendizagem das
crianças. Estas revisões, estes recursos e estes planos organizam a
aprendizagem e facilitam a utilização dos conhecimentos já adquiridos. E
finalmente, o tempo na escola, mais do que o estabelecimento da sucessão de
episódios dotados de significado educativo, é uma ferramenta importante de gestão
educativa (Bondioli, 2004).
“ ...o
suceder-se dos episódios na vida cotidiana na creche, pré-escola, na escola
elementar, o ritmo e a distribuição dessa sucessão, o seu andamento, rotineiro
ou imprevisível, agitado ou tranqüilo, a dimensão coletiva do seu acontecer e
as negociações que ela impõe para enfrentar as exigências individuais,
contribuem decisivamente para caracterizar o clima social dos grupos nas
instituições, para influenciar os seus comportamentos e também – e isso é ainda
mais importante – para veicular comportamentos e aprendizagens sobre o
significado e o uso do tempo...uma pedagogia que, ainda que irrefletida,
veicula atitudes, hábitos, esquemas de comportamento.” (Bondioli, 2004, p.
17).
BIBLIOGRAFIA
E LEITURAS RECOMENDADAS:
BRONFENBRENNER, URIE; MORRIS, P. A. The Ecology of developmental processes. Em W. Damon (Series Ed.) e
R. M. Lerner (Vol. Ed.), handbook of Child Psychology: Vol. 1. Theoretical
Models of Human development (5th ed., pp. 993-1028). New York:
Wiley, 1998.
BONDIOLI,
ANNA (ORG.).
O tempo no cotidiano Infantil: perspectivas de pesquisa e estudos de casos. São
Paulo: Editora Cortez, 2004.
DE
VRIES, RHETA E COLEGAS. O Currículo Construtivista na educação infantil:
práticas e atividades. Porto Alegre: ARTMED, 2004.
GANDINI,
LELLA; EDWARDS, CAROLYN. Bambini: a abordagem italiana à educação infantil.
Porto Alegre: ARTMED, 2002.
ZABALZA,
MIGUEL.
Qualidade em Educação Infantil.
Porto Alegre: ARTMED, 1998 (2008, reimpressão).
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