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“Educação, Didática, Pedagogia e Andragogia”, de autoria de Superdotado Álaze
Gabriel. Disponível em http://educacaodidaticapedagogiaeandragogia.blogspot.com/
PERSPECTIVAS:
A
educação há muito, tem sido alvo de críticas de vários setores sociais. Ora por
sua postura tradicionalista; ora pelos resultados nada animadores…
Ao
ver as estatísticas referentes à quantidade de analfabetos funcionais
existentes no Brasil. Percebemos que as críticas têm suas razões. O modelo de
alfabetização utilizado pela maioria dos professores alfabetizadores, o
construtivista, tem sido mal interpretado. Ou seja, a ideia que o aluno aprende
por si só, não quer dizer que ele aprenda só. Desta forma, portanto, o educador
tem de acompanhar o desenvolvimento do alfabetizando, inclusive mudando sua
metodologia de ensino, se for o caso.
Vejam
só, se o educando não esta progredindo no universo das letras, então tem alguma
coisa errada. Ou o método é ineficaz ou, o indivíduo tem algum problema
cognitivo. Verificando que o aluno é capaz (não tem nenhum problema de ordem
orgânica). Então o mestre deve rever sua maneira de alfabetizar.
Vamos ver na sequência como funcionam os métodos de alfabetização.
Vamos ver na sequência como funcionam os métodos de alfabetização.
MÉTODOS:
O
“MÉTODO GLOBAL OU ANALÍTICO” defende que o melhor é oferecer ao aluno a
totalidade. Ou seja, palavras, frases, pequenos textos, para que ele faça uma
análise e chegue às partes, que são as letras.
O
“MÉTODO FONÉTICO OU SINTÉTICO”, ao contrário, propõe que o aluno aprenda
primeiro as letras ou sílabas e o som das mesmas, para depois chegar à palavra
ou frase.
Temos
ainda o método identificado como “MISTO”, que é a conhecida – cartilha. Baseada
em análise e síntese e estruturada a partir de um silabário.
E, por fim, o “CONSTRUTIVISMO” que, no Brasil, teve forte influência com o lançamento do livro Psicogênese da Língua Escrita, de Emilia Ferreiro (Psicolinguista Argentina) e Ana Teberosky (Pedagoga Espanhola), na década de 1980. Lembrando que o Construtivismo é um modelo e não um Método, ele não apresenta uma metodologia a ser seguida.
E, por fim, o “CONSTRUTIVISMO” que, no Brasil, teve forte influência com o lançamento do livro Psicogênese da Língua Escrita, de Emilia Ferreiro (Psicolinguista Argentina) e Ana Teberosky (Pedagoga Espanhola), na década de 1980. Lembrando que o Construtivismo é um modelo e não um Método, ele não apresenta uma metodologia a ser seguida.
CONSTRUTIVISMO
“A
alfabetização, não é um estado ao qual se chega, mas um processo cujo início é,
na maioria dos casos, anterior a escola e que não termina ao finalizar a escola
primária”. (FERREIRO, 1999, p.47.). Portanto, a alfabetização não se inicia
quando a criança é inserida no espaço escolar. A alfabetização é um processo
diário que se inicia quando a criança começa a ter contato com as letras. Ou
seja, logo após seu nascimento; em situações onde há interação com as letras,
como numa cantiga de ninar, por exemplo.
Naturalmente,
que a percepção de letras que a criança tem, nessa idade, não é a mesma que uma
criança de 6 ou 7 anos, por exemplo. Mas, já percebe que os signos dizem alguma
coisa. E, principalmente, se os familiares fizerem uso de práticas de leitura e
escritas.
Alfabetização
(letramento) é um processo sem fim… Após ter consciência, codificar e
decodificar os símbolos da escrita, o letramento seguirá até o final da vida…
E você, como pensas? Como avalia a alfabetização no Brasil, esta boa ou ruim? O que fazer para melhorar?
E você, como pensas? Como avalia a alfabetização no Brasil, esta boa ou ruim? O que fazer para melhorar?
Percebas
que nossas crianças estão concluindo o ensino fundamental, sem saber ler e
escrever com fluência. Aliás, muitos acadêmicos não sabem, não conseguem
escrever um pequeno texto coeso e coerente. Tanto é que o “bicho papão” dos
vestibulares é a REDAÇÃO. Um assunto comum como “Meio Ambiente”, por ser
assunto do momento, da para encher páginas e páginas. No entanto, muitos, não
conseguem escrever metade de uma página. O que esta acontecendo? Incompreensível…
Nas
escolas, perde-se muito tempo com coisas inúteis, enquanto que outras mais
importantes como: leitura e escrita, não esta tendo o destaque merecido. É
preciso deixar claro que só se aprende ler e escrever – lendo e escrevendo. A
prática é que desenvolve o gosto, o prazer, pelas diversas literaturas. Não
basta conhecer a estrutura lingüística de uma língua, se não praticarmos tal
língua… falar bem, escrever bem, ser fluente, necessita treino, prática, e
isso, esta sendo negado a nossos alunos.
As pessoas, de uma maneira geral, só escrevem quando precisam fazer uma lista de compras ou, então, marcar um número de telefone ou endereço de alguém. Notadamente, com o advento das novas tecnologias, existe uma interação escrita através do MSN, ORKUT… isso faz com que as pessoas escrevam mais. Porem a grafia é horrível. Palavras ilegíveis, invenção de novos termos- naom=não, que a meu ver, não é para escrever mais rápido, como alguns dizem, é o próprio analfabetismo que não os deixam escrever corretamente…
As pessoas, de uma maneira geral, só escrevem quando precisam fazer uma lista de compras ou, então, marcar um número de telefone ou endereço de alguém. Notadamente, com o advento das novas tecnologias, existe uma interação escrita através do MSN, ORKUT… isso faz com que as pessoas escrevam mais. Porem a grafia é horrível. Palavras ilegíveis, invenção de novos termos- naom=não, que a meu ver, não é para escrever mais rápido, como alguns dizem, é o próprio analfabetismo que não os deixam escrever corretamente…
Portanto,
penso que a escola deve fazer uso dessas novas tecnologias, da qual os jovens
são fortes usuários, como ferramenta de desenvolvimento da linguagem, (leitura
e escrita). Infelizmente há, nesse sentido, muita resistência, pois, muitos
professores não dominam tal tecnologia. Isso faz com que fiquem retidos no
passado, com metodologias da era jurássica, esquecendo que estamos no Século
XXI- A década das informações imediatas.
Por
outro lado o governo pouco tem feito para que a educação mude para melhor, visto
que pouco investe na área. Escolas sucateadas, professores desmotivados, a
comunidade escolar não esta nem um pouco preocupada com a educação das
crianças, é mais interessante a novela das oito, do que olhar os cadernos de
seus filhos. Que, aliás, esses pais e mães também não podem cobrar muito de
seus filhos, pois, eles mesmos não se preocupam com a própria educação. E não é
porque falta oportunidade, por mais que não seja grande coisa, mas se o
indivíduo quiser estudar sempre tem uma escola que oferece cursos noturnos para
adultos. Portanto, a regra é simples, se não faço não posso cobrar dos outros…
E assim vai se dando a proliferação de analfabetos e analfabetos funcionais… Os
políticos adoram isso, pois, o povo se torna massa de manobras, de fácil manuseio.
Visto que, por não estudarem, não conhecem seus direitos, uma cesta básica é o
suficiente para comprar-lhe a consciência.
Pense
em um Brasil melhor, sem analfabetismo- de cidadãos conscientes dos seus
direitos e deveres, de políticos honestos… Será um sonho… Eu acredito que seja
possível, mas só vamos chegar a esse ponto através da EDUCAÇÃO. Então o que
estamos esperando? Vamos arregaçar as mangas e dar ao povo brasileiro o que
eles merecem – Educação de qualidade.
O
analfabeto funcional é a pessoa que vive em um mundo, mas não compreende o que
acontece a sua volta. Porque as coisas são como são… Não tem percepção do
mundo, um cego no paraíso.
BRASIL X ALFABETIZAÇÃO DIGITAL
Jornal da Ciência, Rio de Janeiro, 13 de abril de
2001, p.7
Alfabetização digital é hoje, no contexto das
chamadas Sociedades da Informação, um dos pontos mais enfatizados. No Brasil, o
Programa SocInfo dá prioridade à informatização da economia investindo
maciçamente na universalização do acesso às tecnologias da informação e
comunicação (TIC) e na preparação dos indivíduos para fazerem uso delas,
questões consideradas necessárias à preparação do ambiente onde o setor
econômico poderá desenvolver-se. O Livro Verde do Programa dá grande ênfase à
alfabetização digital, como a habilidade necessária para que a população possa
fazer uso das TIC, mas não precisa muito bem o significado desse termo. Nem no
capítulo que trata da Educação na Sociedade da Informação, isso fica claro. Diz
apenas que a alfabetização digital precisa ser promovida em todos os níveis de
ensino por meio da renovação curricular, fazendo parte da capacitação
necessária para atuar no âmbito do uso das TIC, sendo que para o âmbito da
aplicação e geração, outras competências são necessárias. Dá a entender que
alfabetização digital é um processo "meramente" de compreensão de
informações. Apesar do "meramente", ligar alfabetização à compreensão
já é um avanço, pois historicamente é considerado alfabetizado aquele que
apenas codifica e decodifica símbolos, independentemente do processo de
compreensão.
Destaca ainda que é preciso aumentar drasticamente
o nível de alfabetização digital no país, condição necessária para que aumente
o grau de penetração das novas tecnologias na sociedade brasileira, de forma
que esta sociedade esteja mais bem preparada para as mudanças em curso. Mas
para quais mudanças a sociedade precisa estar preparada? Se for para as
transformações generalizadas que estão acontecendo na sociedade contemporânea,
aumentar o nível de alfabetização digital não é suficiente.
É no capítulo que trata da Universalização de Serviços para a Cidadania que esse conceito é melhor explicitado. Diz que a alfabetização digital está relacionada à aquisição de habilidades básicas para o uso de computadores e da Internet, habilidades que aumentem as oportunidades no mercado de trabalho. Ou seja, ser alfabetizado digital é ser usuário de serviços oferecidos pelas novas tecnologias.
É no capítulo que trata da Universalização de Serviços para a Cidadania que esse conceito é melhor explicitado. Diz que a alfabetização digital está relacionada à aquisição de habilidades básicas para o uso de computadores e da Internet, habilidades que aumentem as oportunidades no mercado de trabalho. Ou seja, ser alfabetizado digital é ser usuário de serviços oferecidos pelas novas tecnologias.
A meta prevista pelo Programa é que um em cada
cinco brasileiros atinja um nível de alfabetização digital mínimo até 2003. Mas
o que é mesmo um nível de alfabetização digital mínimo? Está indicada a oferta
de treinamento básico para que a população possa adquirir essa habilidade nesse
curto espaço de tempo, sugerindo inclusive o (auto)aprendizado, disponível a
custo zero (em vídeo e/ou na rede), cursos livres, presenciais e a distância,
testes de habilitação reconhecidos pelo mercado, como formas de promover essa
"alfabetização" aligeirada.
Como pode-se perceber, a previsão de investimentos
na capacitação da população é muito pequena, se é que podemos chamar
alfabetização digital de "capacitação". Como a nova economia,
digital, necessita de um grande número de consumidores para não perder
negócios, entende-se que as comunidades de baixa renda constituem uma parcela
significativa desses consumidores, sendo necessário prepará-los para poderem
atuar na nova sociedade de forma que esse modelo econômico não corra o risco de
estagnar-se. Além disso, considera-se que as habilidades necessárias para ser
esse consumidor são as mais elementares possíveis – basta ser capaz de navegar
e efetuar compras on-line. Daí a falta de uma política para democratização do
acesso - entendendo democratização para além da universalização do acesso e da
alfabetização digital; como participação efetiva, onde os indivíduos têm
capacidade não só de usar e manejar o novo meio, mas também de prover serviços,
informações e conhecimentos.
Portanto, na concepção do Programa SocInfo no Brasil, a alfabetização digital consiste em ter habilidades básicas para poder usar as novas tecnologias numa perspectiva de usuário consumidor de bens, serviços e informações. O problema não está em conceber "alfabetização digital" nessa perspectiva, e sim em prever que isso é suficiente para considerar o indivíduo como "incluído" na Sociedade da Informação. É evidente que na perspectiva economicista, estar "incluído" significa ser consumidor. No entanto, inclusão é um conceito mais abrangente do que isso, significa que aquele que está incluído é capaz de participar, questionar, produzir, decidir, transformar, é parte integrante da dinâmica social, em todas as suas instâncias.
Portanto, na concepção do Programa SocInfo no Brasil, a alfabetização digital consiste em ter habilidades básicas para poder usar as novas tecnologias numa perspectiva de usuário consumidor de bens, serviços e informações. O problema não está em conceber "alfabetização digital" nessa perspectiva, e sim em prever que isso é suficiente para considerar o indivíduo como "incluído" na Sociedade da Informação. É evidente que na perspectiva economicista, estar "incluído" significa ser consumidor. No entanto, inclusão é um conceito mais abrangente do que isso, significa que aquele que está incluído é capaz de participar, questionar, produzir, decidir, transformar, é parte integrante da dinâmica social, em todas as suas instâncias.
Como conseqüência dessa visão reducionista, as
necessidades educacionais são minimizadas, uma vez que basta cursos de curta
duração para "capacitar" a população a fazer uso das tecnologias. Em
momento algum é considerado que essas habilidades básicas são adquiridas em
alguns poucos contatos com a tecnologia, sem a necessidade de cursos de
treinamento. Também não é considerado que a necessidade educacional básica da
população brasileira é alfabetização sim, mas em sentido amplo, em todas as
áreas, abrangendo não só os processos de codificação, decodificação e
compreensão, mas também processos de análise, organização, produção e
socialização de informações e conhecimentos. E para isso, uma política de
educação de qualidade é fundamental.
O próprio Livro Verde aponta as limitações da
concepção que toma a alfabetização digital como indicador suficiente para
considerar o indivíduo como incluído na Sociedade da Informação. O capítulo que
trata da Universalização de Serviços para a Cidadania aponta a necessidade de,
além da alfabetização digital, capacitar as pessoas para a utilização das mídias
em favor dos interesses e necessidades individuais e comunitárias, com
responsabilidade e senso de cidadania, permitindo que as pessoas atuem como
provedores dos conteúdos que circulam na rede, sendo que, para isso, além da
universalização do acesso, é necessário também a democratização do uso.
O capítulo que trata da Educação na Sociedade da
Informação também aponta nessa direção ao afirmar que as pessoas, embora
"alfabetizadas" no mundo digital, necessitam de "algo mais para
efetivamente funcionar na sociedade da informação". Traz a noção de
fluência como sendo a "capacidade de reformular conhecimentos,
expressar-se criativa e apropriadamente, bem como produzir e gerar
informação". No entanto, não explora essa questão. Ao contrário, ao afirmar
que essa capacidade está reservada a profissionais com conhecimentos
especializados em TIC, aprofunda a polarização: alfabetização digital para a
grande maioria da população, os consumidores, e fluência para a pequena parcela
que consegue realizar curso de nível superior. Isso significa que somente estes
terão a oportunidade de produzir e expressar-se, de efetivamente ser cidadãos?
(Re)construir conhecimentos, expressar-se criativa e apropriadamente e produzir
e gerar informações são capacidades que qualquer ser humano pode desenvolver,
com ou sem as TIC. No entanto, essas tecnologias potencializam essas
capacidades e abrem espaço para o surgimento de outras, independentemente de
termos ou não um curso especializado.
Portanto, é possível trabalhar com a noção de
fluência em TIC em todas as esferas sociais, relacionando com o conceito de
cidadania e enfatizando o papel da Educação nesse processo, educação que
acontece em todos os espaços de aprendizagem, formais ou não, e não apenas em
cursos especializados.
Fonte: http://www.faced.ufba.br/(
acessado 12 de junho de 2008.)
AINDA EM
PAUTA A ALFABETIZAÇÃO, A LEITURA E A ESCRITA
Neste segundo Dossiê sobre Alfabetização, leitura
eescrita, da Revista Contemporânea de Educação, os artigos selecionados giram
em torno detrês eixos: i) políticas de leitura; ii) leitura e escrita na
Educação Infantil e iii) práticas de leitura e escrita de professores. Antes de
apresentar cada texto, tecemos considerações sobre algumas provocações suscitadas a partir da
leitura deste conjunto de textos.
A primeira delas diz respeito à formação de
leitores. A indagação que atravessa os vários artigos traduz-se por: Que leitores se formam, a partir de certas
práticasimplementadas?A resposta remonta a uma dimensão mais ampliada, já que
formar leitores se articula à formação de sujeitos de linguagem, vivendo em
sociedade, produzindo discursos. Vincula-se, portanto, a projetos de sociedade
que, embora muitas vezes apresentem discursos bastante próximos, se distinguem
radicalmente nos seus modos de conceber
a relação entre sujeitos, na possibilidade de se projetarem as
interações eu-outro. Numa perspectiva centrada na alteridade, como a de Bakhtin
(1992, 2000, 2010), éo outro que constitui o eu, que é sempre inacabado. O
outro que, com seu excedente de visão, percebe o que o eu do seu lugar jamais conseguiria
ver e dá os seus acabamentos. Segundo este ponto de vista, é na relação
eu-outro que vão se produzindo significados e construindo assubjetividades.
O conceito de leitor necessariamente será
distinto,quando o objetivo são resultados de leitura traduzidos numa lógica da
mensuração ou numa lógicada produção de sentidos e de interpretação da
realidade do sujeito. A lógica da
mensuração é monológica, previsível; desconsidera as tensões que se dão
no encontro entre o eu e o outro; destitui a linguagem de sua dimensão
expressiva, plural, polissêmica; cindeafetividade e cognição; institui o indivíduo,
ou seja, a pessoa isolada, descontextualizada, acabada e autorreferenciada.
Estas diferentes concepções marcam os projetos de
sociedade, os programas de governo, as propostas e projetos educacionais e
também sustentam práticas escolares. Assim, outra provocação que a leitura dos
textos suscitou diz respeito às tensões entre as políticas públicas e o
cotidiano da sala de sala. Contradições, incoerências e desarticulações de
programas e projetos revelam que estão em circulação diferentesconcepções e
políticas. Como assevera Ball (2006 p.21), “quando focalizamos analiticamente
em uma política, esquecemos, convenientemente, que outras políticas estão em
circulação e que o estabelecimento de uma pode inibir, contradizer ou
influenciar a possibilidade de fixação de outras”. Os contextos de produção de
documentos legais e de planos e programas governamentais na área educacional não
estão isolados de movimentos políticos mais amplos, sistêmicos e até mesmo
globais e as disputas ideológicas se fazem em todos os contextos, o que inclui
a sala de aula. Por isso mesmo é que a implementação de políticas como
orientações curriculares para o ensino de Língua Portuguesa, do Plano Nacional
do Livro e Leitura-PNLLe de programas como o Programa Nacional Biblioteca da
Escola (PNBE) e o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e sua adesão por
parte dos municípios, que sãodiscutidos nos três primeiros textos do Dossiê,
não se dá fora da arena discursiva. Disputas ocorrem desde o contexto de
produção dos documentos, passando pelas formas de implementação em cada
localidade e chegando às possibilidades, aceitações e recusas dos sujeitos em
cada unidade escolar. É ainda Ball (idem, p. 21) que alerta para o fato de que
a formulação de políticas é um processo que ocorre em arenas de luta por
sentido; ela é a “política do discurso”.
Nesta via, chegamos à escola, aos professores,
sua formação e consequente posição na
luta por sentido das políticas. Sentido que é produzido nas interações, no
coletivo. E esta produção se exprime no que Bakhtin (2010) denomina postupok, palavra russa traduzida como ato.
Segundo Ponzio (2010, p.10), “postupok é um ato,
depensamento, de sentimento, de desejo, de fala, de ação, que é intencional, e
que caracteriza a singularidade, a peculiaridade, o monograma de cada um, em
sua unicidade, em sua impossibilidade de ser substituído, em seu dever
responder, responsavelmente, a partir do lugar que ocupa, sem álibi e sem
exceção”.
Este conceito remete ao fazer pedagógico como ato
responsável ou responsivo, como resposta dos professores a diferentes camadas
ou planos articulados, como o filosófico, o sócio-histórico, o cultural, o politico,
o afetivo. Ato ético e estético que salienta a conexão entre compreensão e
escuta. Passo dado por sujeitos situados que respondem às demandas do outro, do
seu lugar exotópico e único (Corsino, 2011, p.535). Esta provocação, que traz a
prática pedagógica como ato responsivo do professor sem álibi, coloca em foco
as políticas de formação de professores, bem como as condições de trabalho,
ambas as questões se situam na ordem do direito. Se a resposta do professor é
sua assinatura, cabe ressaltar que é uma
resposta contextualizada, atravessada, portanto, pelo momento histórico, pela
dimensão macro das políticas e pela grandeza dos direitos garantidos ou
violados.
O objetivo dos textos é provocar indagações sobre
otema deste Dossiê: qual é a responsabilidade da escola em relação à inserção
dos sujeitos no mundo da cultura escrita? Os artigos reunidos, diferentemente
dos recortes que se deram no primeiro Dossiê, número anterior da Revista
Contemporânea de Educação, se reagrupam em três temas. Num primeiro, de
abertura, situamos textos que tratam de políticas educacionais que interferem
diretamente nas práticas pedagógicas de alfabetização das salasde aula
brasileiras. Um primeiro texto, de
Antônio Augusto Batista, aborda de forma exemplar
questões curriculares de fundo do ensino de Língua Portuguesa. Um segundo, de
Clecio Bunzen e Juliane Zonaro Chimello,
trata de materiais didáticos de alfabetização e o terceiro, de Patrícia Corsino, Mônica Pinheiro Fernandes
e Cláudia Pimentel discute o acesso ao livro e à leitura à luz de pesquisa em
cinco municípios fluminenses. Em seguida, o tema é a Educação Infantil,
segmento da Educação Básica que, em princípio, precede o momento de
sistematização do processo de alfabetização (o que estaria oficialmente
determinado para o primeiro ano do Ensino Fundamental) e que exerce um
importante lugar na formação de leitores.Foi contemplado por dois textos, que tratam
da linguagem escrita com crianças de três a
seis anos de idade. Esse segundo bloco teve os textos de Hilda Micarello
e Ilka Schapper eo outro de Carla Andrea Lima da Silva e Adriana Santos da
Mata. O terceiro bloco organiza-se sobre a questão da formação de professores
alfabetizadores, com os textos de Ana Paula Pontes de Castro em coautoria com Maria
Teresa Assunção Freitas e outro de Priscila Corrêa. Tratam de modalidades
distintas de formação docente, um se detendo sobre a escrita docente em plena
formação, sobre o tema da alfabetização e letramento, e o segundo sobre a
formação inicial de professoras dos anos iniciais do ensino fundamental.
É importante notar que na organização temática
que está apresentada sob essa disposição
de recortes propostos, a sala de aula e as práticas pedagógicas de
alfabetização não são tratadas diretamente, em todos os textos, o que ocorreu
substancialmente no Dossiê anterior. Os artigos aqui apresentados tomam a
alfabetização pordimensões mais abrangentes (em seus termos curriculares),
críticas (pelas políticas analisadas), anteriores ao Ensino Fundamental (na
Educação Infantil) ou de base (contextualizando-as, pela via dos professores).
Essa observação torna-se relevante para constatarmos quenem sempre, para que as
análises de pesquisa propostas possam se reverter em resultadosfavoráveis para
a alfabetização, se desenvolver nas salas de aula de escolas públicas
brasileiras, o caminho teórico-metodológico seja diretamente situado no
contexto da sala de aula. Para que se possam formular princípios que ancorem
políticas educacionais, seria importante para as pesquisas chegarem pelas bordas,
de modo que fizessem surgir, a partir desseemolduramento, o que possa se
configurar como o núcleo do ensino da leitura e da escrita na escola. Cabe lembrar que as pesquisas produzidas
e a escolha que estas fazem de seu pontode entrada para o campo a descrever, analisar
e interpretar revertem-se, necessariamente, na construção de posições
discursivas de leitores de textos na sociedade, discentes (alunos crianças e jovens da escola na Educação Básica),
docentes (que se formam e leem certos textos de pesquisa escritos para eles) e
outros, formadores de opinião pública. Por esse prisma, pode-se afirmar que os
textos selecionados trazem questões para se pensar também na própria escrita de
pesquisa, no sentido de alterar os contextos alfabetizadores na educação
pública brasileira. Escrever em língua brasileira dispondo do letramento
acadêmico, ser autores de pesquisa e criar nosso próprio estilo de escrita,
para sermos lidos e apreciados, compreendidos e estudados é o que permitirá a
nós, pesquisadores, refletir conhecimentos sobre leiturae escrita.
O texto de Batista, intitulado Alfabetização, leitura e ensino de Português:
desafios e perspectivas curriculares
abre este Dossiê. Ele dirige-se aos educadores, buscando tratar de alfabetização
com uma abordagem mais abrangente do
currículo da língua materna, trazendo tópicos para a discussão tanto por
professores dos anos iniciais, quanto
dos anos finais do Ensino Fundamental. Parte do princípio de que, neste
momento, o desafio central do ensino de língua materna, evidenciado por
pesquisas em larga escala, reside na consolidação da alfabetização. A
dificuldade hoje não seria a alfabetização no sentido estrito de levar os alunos
a dominar o princípio alfabético e as principais correspondências grafo-fonêmicas,
mas sim levá-los a desenvolver a compreensão em leiturae a capacidade de
produzir textos. O autor apresenta perspectivas curriculares gerais para se
avançar nessa segunda etapa do aprendizado da língua escrita. Enfatiza a
importância dos alunos desenvolverem uma ampla familiaridade com o mundo da
escrita e uma forte interiorização das correspondências entre fonemas e
grafemas do nosso sistema ortográfico; explicita de forma clara e objetiva os processos
necessários para os alunos avançarem progressivamente na produção textual e o conjunto
de saberes que constituem o trabalho ativodo leitor. Busca inserir sua
abordagem no quadro de condições concretas, para que as perspectivas
curriculares discutidas possam se tornar presentes na sala de aula e nas
escolas.
O texto de Bunzen e Chimello, Sistema apostilado e
ensino de leitura para as crianças do 2º ano nos municípios paulistas, traz
questões que dizem respeito às políticas de
leitura, mais especificamente, às que se relacionam a materiais
didáticos para o ensino de Língua Portuguesa. Discute a adoção de apostilas por
municípios do Estado de São Paulo que não aderiram ao PNLD. O artigo
problematiza o ensino deleitura em um material apostilado para crianças do 2º
ano, produzido pela Fundação Bradesco, e distribuído para dez municípios paulistas,
estabelecendo um paralelo com as coleções de alfabetização distribuídas pelo governo
federal, no âmbito do PNLD. A análise sinaliza para diferenças significativas
na diversidade de gêneros contemplada no material analisado, assim como no
trabalho insuficiente com a questão da compreensão textual, ressaltando características que o reprovariam
nos critérios de avaliação do PNLD. Chama a atenção para o tipo de leitor que
se pretende formar com materiais que se colocam como eficientes no controle do
trabalho docente e para o treinamento de crianças para um determinado tipo de
trabalho escolar com a leitura, mas se afasta consideravelmente da formação do
leitor cosmopolita.
O texto Reflexões sobre políticas de acesso ao
livro e à leitura literária em cinco municípios fluminenses,de Corsino,
Fernandes e Pimentel, apresenta parte dos
resultados da pesquisa Programa Nacional de Biblioteca na Escola- PNBE-2005:
seleção, escolha, acesso e apropriação do acervo em escolas do Estado do Rio de
Janeiro, desenvolvida pelo Laboratório de Estudos de linguagem, leitura,
escrita e educação - Leduc, PPGE-UFRJ.
Através de entrevistas com os responsáveis pelos
projetos de livro e leitura nas secretarias municipais de educação de cinco
municípios fluminenses, com diferentes características, de visita a escolas e
realização de dez grupos focais com
professores, a pesquisa se aproximou das políticas do livro e leitura
implementadas por cada município,
buscando pontos de aproximação e de diferenciação entre elas, bem
comoarticulações com o Plano Nacional do Livro e Leitura-PNLL. O artigo toma
como referênciapara a análise dos dados dois eixos do Plano: democratização do
acesso ao livro e fomento à leitura e à formação de mediadores. Os resultados
evidenciam não apenas diferenças na composição e circulação dos acervos e nas formas
como são feitas as mediações de leitura nas
escolas dos cinco municípios, mas reitera o cenário de desigualdades no
acesso ao livro e à leitura. Desigualdade entre escolas de um mesmo município e
desigualdades severas entre municípios fluminenses de alto e baixo Índice de
Desenvolvimento Humano- IDH. Chama a atenção para uma maior articulação entre os
diferentes programas e projetos e para a necessidade de efetiva implementação
das intenções do PNLL no interior das políticas públicas.
Micarello e Schapper, no artigo Itinerários de Pesquisa: Infância, Linguagens
e Linguagem Escrita, trazem reflexões do Grupo de Pesquisa Linguagem, Educação, Formação de Professores e Infância
(LLEFoPI), da Universidade Federal de Juiz de Fora. Discutem o trabalho com a
linguagem escrita na Educação Infantil, abordando a supremacia dada pelas práticas
pedagógicas a esta linguagem em detrimentode outras linguagens nas quais as crianças
se expressam sobre o mundo e produzem sentido para suas experiências. Nas duas escolas
observadas identificaram que o intenso contato com materiais escritos nem
sempre corresponde a uma intensificação da experiência dascrianças com a
leitura enquanto objeto cultural, pois nem sempre os significados produzidos
pelas crianças para suas experiências com o texto são o foco do trabalho
realizado. Foi percebida uma supervalorização da materialização escrita do
texto poético em detrimento dos significados que ele possa evocar e também a
supremacia da produção material das crianças em detrimento dos processos de significação
envolvidos nessa produção, sendo exatamente esta última dimensão aquela responsável
pelo caráter humanizador das práticas de leitura enquanto práticas culturais. A
pesquisa ressalta a importância de se pensar que a linguagem escrita não se manifesta apenas no
escrito (no traço, na grafia), mas se faz presente numa estrutura que lhe é
peculiar e que pode ser apropriada pela criança a partir de outraslinguagens,
como a música, a dança, a recitação.
No texto Letramento na educação infantil:
significando as práticas de leitura e escrita, Matos e Silva tratam de algumas
práticas de leitura e escrita no contexto de uma escola pública de Educação
Infantil, situada no município de Niterói,Estado do Rio de Janeiro. As análises
das práticas indicam que o processo de alfabetização e letramento presente na Educação Infantil vai
além da decifração mecânica das letras. Enfatizam os significados produzidos
pelas crianças nas ações de ler e de escrever, a partir de um trabalho pautado
na concepção de que as crianças são produtoras de cultura e sujeitos ativos da
história e na perspectiva da construção/expressão das diversas linguagens como
bens culturais. As práticas de letramento se configuram como um dos eixos do
trabalho da escola analisada, de modo que são promovidas situações que envolvem
os usos da língua, as práticas culturais, em interação permanente com os pares
(adultos e crianças), que juntos constroem textos significativos no contexto
escolar. Álbuns, livros de histórias da turma, bornal de leitura, bilhetes,
registros das rotinas, observações de campo, relatórios, entre outros registros
vão compondo as práticas cotidianas nas quais a linguagem escrita é trabalhada
como produto e processo histórico e cultural.
O texto Escrever sobre “alfabetização e letramento”
em um fórum de discussão do ambiente moodle: um exercício de aprendizagem e
construção de conceitos científicos, de Ana Paula Pontes de Castro e Maria
Teresa Freitas, apresenta resultados
parciais de pesquisa cujo objetivo foi compreender como a escrita desenvolvida
em um ambiente virtual de aprendizagem, o Moodle, em disciplinas presenciais do
curso de Pedagogia e Licenciaturas da UFJF, contribui para a aprendizagem dos
alunos que,no caso dessa análise, são evidentemente professores. Trata-se de um
recorte do trabalho de pesquisa, muito bem elaborado, concentrado sobre um
“Núcleo de Significação” escolhido, no qual discutem as possíveis contribuições
da escrita desenvolvida nosfóruns de discussão
online do Moodle para a aprendizagem de conceitos
científicos. Acompanham as atividades desenvolvidas no Moodlede duas turmas: a)
uma pertencente ao curso de Pedagogia e b) outra ao curso de Licenciatura em
Letras. Revela-se profundamente interessante a originalidade desse artigo em utilizar
um embasamento teórico da psicologia vigotskiana para analisar aprendizagens adultas,
no caso de professores em formação inicial. Nesse artigo, acompanha-se através
de alguns dizeres docentes que são elencados, sob a forma de escrita-falada, em
fórum de discussão, o aprofundamento gradual de apropriação de um conceito científico por parte de um
professor. Dizem as autoras, em certo momento, que “a pesquisa não se centrou
nas crianças, mas nos adultos, futuros professores que constroem seu processo de formação inicial.
Torna-se óbvio, pois, que eles chegam ao curso superior imbuídos de muitas concepções
formadas ao longo do seu desenvolvimento, na vida e na escola. (...) O adulto
já possui formada a capacidade de reflexão e a forma como aprende é, portanto,
mais complexa do que para a criança. São ainda mais evidentes as transformações pelas quais esses sujeitos passam
no processo de aprendizagem.” A homologia dos processos infantis e docentes
revela-se enriquecedora, nesse sentido, produzindo certamente um ganho para a
pesquisa em formação de professores e em alfabetização. Esta escolha revela que
as abordagens sobre alfabetização podem se deter sobre os bastidores doque
sejam as práticas pedagógicas, isto é, a formação de professores.
O artigo de Priscila Monteiro Corrêa, decorrente
desua pesquisa de mestrado defendida em 2010, no PPGE da Faculdade de Educação
da UFRJ, temo valor de apresentar-nos a visão dos estudantes universitários
sobre as práticas de leitura e escrita
que nós formadores, professores universitários em Cursos de Pedagogia,
implementamos. Nossas práticas didáticas resultam em um letramento
universitário que a autora situa como formador de professores, um momento de
formação inicial que normalmente não é problematizado em pesquisas e que aponta
para nós, formadores, mais do que para os professores formados, muito embora assuma
o foco de suas vozes, dos dizeres colhidos em entrevistas coletivas, vindos dos
futuros professores dos anos iniciais da Educação Básica. Suas análises
detêm-se sobre a leitura, primeiramente, em torno das categorias que ela propõe
e que consubstanciam o deleite desse artigo. Com relação à escrita, outras
categorias trazem surpresas interessantes. A título de considerações finais,
defende alguns princípios para a formação inicial de futuros professores no
curso de Pedagogia, relativos especialmente ao que diz respeito à sua atuação
futura como alfabetizadores e professores de Língua Portuguesa.A autora
ressalta que o silêncio dos professores formadores em torno das práticas de
leitura e de escrita de seus alunos, futuros professores, caberia também a
defesa de um outro princípio: da mesma forma que a preocupação com o ensino da
leitura e da escrita deve tangenciar todas as disciplinas da Educação Básica,
principalmente nos anos iniciais do Ensino Fundamental, a leitura e a escrita
acadêmica deveriam também ser objeto de todas as disciplinas dentro da
universidade, sendo reguladas de forma explícita pelos professores formadores,
de forma que estes se constituíssem em mediadores das práticas de letramento
que ocorrem na universidade.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BAKHTIN,
Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo:
Editora Hucitec, 1992.
BAKHTIN,
Mikhail. Estética da criação verbal. Tradução de Paulo
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Mikhail. Para uma filosofia do ato responsável. São
Carlos, SP: Pedro e João Editores, 2010.
BALL,
Stephen.
Sociologia das Políticas Educacionais e Pesquisa Crítico-Social: uma revisão pessoal
das políticas educacionais e da pesquisa empolítica educacional. Revista Currículo sem Fronteiras, v.6, n.2,
pp.10-32, Jul/Dez 2006.
CORSINO,
Patrícia. Anais do I Encontro de Estudos Bakhtinianos-
EEBA. Juiz de Fora: Editora da UFJF, 2011, p.535.
PONZIO,
Augusto.
Introdução: a concepção bakhtiniana de ato. In: BAKTHIN, Mikhail.Para uma
filosofia do ato responsável. São Carlos, SP: Pedro e João Editores, 2010,
p.9-39.
A alfabetização só ocorre quando o seu tutor que tem essa ferramenta nas mãos sabe usá la. Essa coisa de que o governo não investe é balela. A anos venho escutando isso! O governo pode não investir 100%, pois em nenhuma área investe 100%, nossa saúde e segurança também estão ameaçadas e sucateadas. Ao meu ver está faltando é vontade de transformar a vida dessas pessoas. Quando fui professora eu alfabetizava até com embalagens de produtos que iam para o lixo e com uma simples folha de papel craft. Quadro não me fazia falta nenhuma, minhas crianças tinham 4 aninhos quando chegavam em minha sala. No final do ano já com 5 anos eram capazes de ler e interpretar o que liam, eles simplesmente davam show!!! Tenho muito orgulho de falar isso e saber que o meu trabalho foi exímio e que hoje 15 anos depois tenho alunos estudando medicina, direito, moda... É pra mim uma satisfação muito grande saber que pude fazer parte da vida deles lá bem no "inicinho" de tudo. Sempre trabalhei com afinco e amor à profissão de professora, se fosse por salário realmente não teria botado os pés na sala de aula. Tudo bem! todos nós temos contas pra pagar e precisamos nos sustentar, mas acredito que tudo que é feito com amor e dedicação torna o cenário de trabalho mais prazeroso e gratificante. Talvez o professor que foque somente em salário não tem conhecimento da responsabilidade que tem nas mãos tampouco não sabem alfabetizar e se não sabem alfabetizar, não teem compreensão do que significa isso e dificilmente saberão passar para os seus alunos. Nessa hora amigo (a), é necessário repensar em outra profissão porque se continuas a delegar a culpa ao outro, nunca o país sairá dessa realidade. Em minha vida aprendi uma coisa: "Quando o outro não muda, quem tem que mudar é você." Solidarizo sim a todos os professores desse país, mas por outro lado discordo quando vejo escolas equipadas e ainda sim manifestos indignos e só pra fechar a questão cito um fato que ocorreu comigo quando ainda fazia o ensino fundamental: "Tive professora que mandava fazer um capítulo inteiro de atividade de livro enquanto a mesma se debruçava na mesa e ia dormir, outro mandava resumir 4 páginas de um livro de história usado na época com letrinhas minúsculas enquanto o mesmo se ocupava de fazer os seus enormes álbuns com recortes de jornais". Poderia ter sido também eu vítima desses "profissionais da educação" porém a minha vontade de vencer e o meu esforço me conduziram ao caminho que muitos almejam que é estudar e ter uma profissão e se lá no início você não tem esse suporte o futuro se torna difícil, às vezes até impossível pra muitos. Cobrar é preciso, mas precisamos também fazer a nossa parte!
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