AS RELAÇÕES ENTRE DIDÁTICA E
EDUCAÇÃO
INTRODUÇÃO
A palavra didática pode ser entendida como ciência
e a arte do ensino. Através do estudo desta ciência, podemos conhecer
estratégias a serem usadas pelo docente com o intuito de facilitar o processo
de ensino-aprendizagem. É fazendo uso das metodologias e ensinamentos passados
por ela que o professor poderá criar ambientes que estimulem e favoreçam a
aprendizagem do aluno.
Através da educação, o professor pode auxiliar seus
alunos para que estes venham transformar sua realidade, pois fazendo uso da
didática de modo crítico, o educador tem em mãos a possibilidade de ajudar a
desenvolver em seus discentes o senso crítico que os auxiliará, não somente no
processo de mudança social, mas também durante toda sua vida.
Para que o professor possa alcançar seus objetivos
em sala de aula, é necessário que ele tenha uma metodologia capaz de despertar
em seus alunos, a vontade de construir seu próprio saber, através da formulação
e reformulação de idéias. Algumas pessoas podem ter o dom da docência, mas a
arte de ensinar e as metodologias que nela são encontradas só podem ser
alcançadas com o estudo da didática.
OBJETO DE
ESTUDO DA DIDÁTICA
A Didática durante certo tempo tinha o ensino como
seu objeto de estudo, mas os teóricos ao longo do tempo perceberam através da
práxis, que não se poderia estudar só o processo de ensino sem levar em
consideração a aprendizagem, ou seja, podemos afirmar que se não houve
aprendizagem, não houve ensino. Ensinar seria guiar, conduzir, o educando a
aprendizagem. Assim, os pressupostos para a formulação de uma didática que
contribua para a elaboração de uma proposta de ensino voltada para os professores
como mediador do conhecimento, possibilitando ao educando a construção da
aprendizagem e formação de sua cidadania, como indivíduos ativos, críticos,
éticos, participativos, reflexivos, colaborativos e conectados com o contexto
da atualidade:
O entendimento de que a educação é um processo que
faz parte do conteúdo global da sociedade; a compreensão de que a escola é
parte integrante do todo social; a visão da prática pedagógica como prática
social.
COMPONENTES
DA DIDÁTICA
Componentes do processo didático são saber,
professor e aluno. Onde o professor tem a função de orientar os alunos no
processo educativo; o saber, que envolve os conteúdos ministrados de acordo com
o método do professor com a idéia de facilitar a aprendizagem; e o aluno, motivo
da existência da escola.
O professor não é apenas, professor, ele participa
de outros contextos de relações sociais. Assim, de acordo com experiências, o
professor possui algumas características de acordo com as funções que exercem:
por exemplo, Técnica – conhecimentos para exercício de alguma atividade;
Didática – orienta o processo de aprendizagem do aluno;
Orientadora – estimulo do aluno; Facilitadora –
trabalha para que o aluno seja o sujeito e conduza a sua aprendizagem; então, o
enfoque curricular há de ampliar o "que", o "porque", o
"para que" e em que condições há que levar-se a cabo o ensino, mas,
sempre colocando no centro de suas considerações o aluno. Para que estes
conteúdos curriculares cumpram seus objetivos é necessário uma adequada seleção
e uso acertado das melhores estratégias didáticas, que não poderão ser
independentes do conteúdo, dos objetivos e nem do contexto. É importante para
alcançar as metas pretendidas uma estreita colaboração entre a elaboração do
currículo e a escolha de estratégias didáticas.
DIDÁTICA
E ENSINO
Já que existe uma ligação entre o ensino como o
objeto de estudo da Didática, e as matérias que são propostas pela a ementa
escolar. No processo de ensino do conhecimento, não se pode desconsiderar as
evoluções que ocorreram nas áreas científicas e pedagógicas. Dessa forma,
apreenderemos a função da Didática constituída por crítica e transformação do
processo ensino aprendizagem no ambiente escolar.
A Didática auxilia o educador no ato de ensinar e
apresenta ao educando meios de como se pode aprender, ou seja, o objetivo da
mesma é que o ensino seja constituído por pesquisa, coletas e formulações de
soluções aos questionamentos feitos pela pratica dos alunos.
Assim, a Didática abrange todas as situações que
envolvem o ensinar e o aprender, também as condições pedagógicas, e as praticas
educativas e seus elos, de ligações com as suas propostas.
Ressaltaremos o processo de ensino formado pelo
trabalho escolar seqüencial do educador e do educando, com a finalidade da absorção
do conhecimento e do desenvolvimento de habilidades dos alunos. Que por sua vez
estão inseridos no processo de educação formal.
O objetivo do ensino é a aprendizagem, mas nem
sempre ela ocorre. Por isso a Didática tem a função de orientar o educador, de
modo que possa levar o educando a construção de seu saber. Para isso é
necessário que o professor tenha competência Didática, por exemplo, capacidade
de utilizações de recursos aptos a tornarem fecundos os formadores de ensino.
Logo, cabe ao professor nas transmissões do
conteúdo levar os alunos a assimilação do novo saber, verificando e avaliando
os conhecimentos adquiridos.
O professor deve planejar o curso ou a disciplina a
ser ministrado segundo o projeto pedagógico da escola, orientando atividades que
permitam aos alunos alcançarem os objetivos propostos, através da supervisão da
aprendizagem.
DIDÁTICA
E APRENDIZAGEM
A escola, como instituição histórica, coloca-se
entre a relação daquele que vai à escola procurando e querendo aprender, e todos
que compõem o corpo da escola, que se propõe a ensinar.
Nesse processo, Pilletti (1990) destaca três tipos
de aprendizagem, que são:
a) motora ou motriz (simples habilidades motoras,
como andar de bicicleta, até habilidades verbais e gráficas, como a fala e a
escrita);
b) cognitiva (informações e conhecimentos simples
ou complexos);
c) afetiva (sentidos e emoções).
A aprendizagem ocorre, segundo Piletti(1990), em
fases, sendo a primeira da observação de uma situação concreta, cuja primeira
percepção é geral e difusa. A segunda é a da análise, que considera a
diversidade dos elementos que integram o conjunto de circunstâncias em que o
aprendiz está inserido. A terceira, a fase da síntese, é onde ocorrem as
conclusões.
Libâneo (1994) destaca que é necessário distinguir
a aprendizagem casual, espontânea, que se efetua através da interação entre as
pessoas e o contexto, da organizada, que assimila determinados conhecimentos e
normas de convivência social, sendo planejada e sistemática. Durante o processo
de ensino, somente quando este provoca uma modificação na estrutura das funções
psíquicas do aluno é que se produz o desenvolvimento que conduzirá a novas
formas de interação do sujeito com a sua realidade social.
Assim, a aprendizagem e o ensino são processos
sociais de enriquecimento individual e grupal, na interação como a realidade
social e de como o sujeito reproduz a informação. Neste sentido, o professor
deve ser o mediador do processo de ensino-aprendizagem, construindo uma relação
de colaboração com autenticidade, segurança e respeito ao desenvolver
atividades.
Desse modo, a sala de aula é um espaço interativo
de transformação e a qualidade da aprendizagem está em como o sujeito
desenvolve a atividade, pelo trabalho coletivo, níveis de cooperação, o
diálogo, rumo à construção do trabalho coletivo. O professor deve considerar a
capacidade de aprendizagem do sujeito, a sua subjetividade, motivação e, com
isso, facilitar o ensino.
A capacidade de aprendizagem está permeada por duas
dimensões que acontecem vinculados a um conhecimento das experiências e
vivências do sujeito. São elas a operacional (recursos cognitivos,
afetivo-emocionais e psicomotores) e a processual (se efetiva através da
qualidade com que o processo transcorre e não somente com os resultados da
aprendizagem). Essa mesma capacidade está ligada aos objetivos dos alunos
(metas e aspirações pessoais) que se dará pelas mediações da aprendizagem, que,
com elas, o sujeito elege, coordena e aplica suas habilidades (PROFORMAR,
2006).
Tais propostas procuram desenvolver as estratégias
cognitivas do aluno, tentam ajudar o aluno a desenvolver a sua capacidade de
aprender, de refletir e exerce-las sozinho. Após ter preparado o aluno, o
professor esforçar-se em levá-lo a refletir por si mesmo, a construir sua
autonomia.
Portanto, a função do professor já não é apenas
transmitir conhecimentos, mas agir de modo que os alunos aprendam, ele torna-se
um intermediário entre o saber e o aluno, levando em consideração os processos
de aprendizagem, facilitando a elaboração do sentido das aprendizagens e
envolvendo o aluno num processo de construção do sentido.
CONCEPÇÕES DIDÁTICAS: TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS: LIBERAL E PROGRESSIVISTA
Várias
tendências existem para denominar um determinado tipo de aprendizado, entre
todas elas estão presentes como atores a figura do professor e do aluno. Esta
relação, simbiótica, é fundamental para o aprendizado de todos os integrantes
deste processo, pois a troca de conteúdos e idéias é importante para este
desenvolvimento, e estão presentes em várias tendências a serem citadas.
Na história da educação, várias foram as tendências que englobaram o processo de ensino e aprendizagem. Dois grandes grupos: a Pedagogia Tradicional e a Pedagogia Progressivista. A adoção de cada uma é relativa, segundo [Libâneo, 1992, Pag. 19] “aos condicionantes sócio-políticos que configuram diferentes concepções de homem e de sociedade e, conseqüentemente, diferentes pressupostos sobre o papel da escola, aprendizagem, relações professor-alunos, técnicas pedagógicas etc”.
Na história da educação, várias foram as tendências que englobaram o processo de ensino e aprendizagem. Dois grandes grupos: a Pedagogia Tradicional e a Pedagogia Progressivista. A adoção de cada uma é relativa, segundo [Libâneo, 1992, Pag. 19] “aos condicionantes sócio-políticos que configuram diferentes concepções de homem e de sociedade e, conseqüentemente, diferentes pressupostos sobre o papel da escola, aprendizagem, relações professor-alunos, técnicas pedagógicas etc”.
A
Pedagogia Liberal é representada por tradicional, Renovada Progressivista,
Renovada Não-Diretiva e Tecnicista.
A
Tendência Liberal Tradicional destaca o professor como o transmissor do
condicionamento do aluno a atingir a realização pessoal, através de seu próprio
esforço. Neste caso, o foco é a preparação intelectual e moral dos alunos para
desempenharem o seu papel na sociedade. A transmissão dos conteúdos é feita de
forma cumulativa, a partir dos conteúdos descobertos e criados pelo homem,
entretanto sem reconstrução ou questionamento.
A
aprendizagem é somente receptiva, automatizada, sem que seja necessário acionar
as habilidades mentais do aluno, limitando-se apenas a
memorização. Libâneo explana que é predominante a autoridade do professor,
este, que exige atitude receptiva dos alunos e desfavorece a comunicação no
decorrer da aula. Esta tendência demonstra ineficiência e contradição aos dias
atuais.
O
intelecto é desligado da realidade social, e enfatiza o estudo dos clássicos e
das biografias dos grandes mestres, com repetição de exercícios e memorização,
objetivando a criação de hábitos.
Na
Tendência Liberal Progressivista, a participação dos alunos e o interesse se
caracterizam, onde os conteúdos escolares são organizados em torno de um Centro
de Interesse. Seu foco principal é a cognição, ensinando
seus alunos a “aprender o aprender”, a estudar, adequando as necessidades
individuais às do meio social. Uma característica importante é o aprender
fazendo, este, muito valorizado o trabalho em grupo.
Esta
tendência valoriza muito o empírico e o experimentalismo, sendo o professor o
auxiliar ou facilitador do aprendizado do aluno, bem como o ajuste de suas
necessidades individuais às da sociedade.
A
Tendência Renovada Progressista possui como embasamento a teoria de John Dewey,
autor que acreditava na idéia da relação entre a teoria e a prática, e na
crença em que o conhecimento é construído quando compartilhadas as
experiências, em um ambiente democrático, portanto, é indispensável bom
relacionamento entre professor e aluno. Os conteúdos são estabelecidos em
função de experiências vividas, e são considerados os processos mentais e
habilidades cognitivas (Aprender o aprender).
As
questões do prático e do pragmatismo são bases, pois seu principal objetivo
consiste, segundo Dewey, na aplicação da teoria na prática. A pedagogia Liberal
Renovada não-diretiva tem como função viabilizar o processo individual de
crescimento do aluno. Nesta tendência, a escola tem o papel de formar atitudes,
sendo que o professor deve ser um facilitador, objetivando verificar teorias
que abordam esta tendência, e para que isto seja possível, o professor deve
aceitar a pessoa do aluno como principal centro de desenvolvimento naquilo que
é interesse do mesmo. Nesta tendência, o professor deve atuar como um criador
de oportunidades para o aluno, pois uma de suas principais funções é descobrir
o potencial de aprendizagem no projeto pelo qual o mesmo se interessa,
oferecendo ferramentas e oportunidades que façam com que o aluno tire suas
próprias conclusões. Assim, vislumbrando-se (aluno) com suas próprias
percepções a realidade.
A
Tendência Liberal Tecnicista está baseada na técnica. Teve seu início na década
de 1950, com o Programa Brasileiro-Americano de Auxílio ao Ensino Elementar,
quando a orientação da escola nova cede lugar a tendência tecnicista.
A preocupação é com a formação de indivíduos para atuarem no mercado de trabalho, mantendo a ordem vigente, o capitalismo. O objetivo é transmitir ao aluno “eficientemente, informações precisas, objetivas e rápidas” (LIBÂNEO, 1992:29). Há alguns exemplos de escolas que se utilizam desta tendência, escolas que oferecem cursos apostilados de digitação, programação, cursos de aprendizagem em instituições como SENAC e SENAI.
A preocupação é com a formação de indivíduos para atuarem no mercado de trabalho, mantendo a ordem vigente, o capitalismo. O objetivo é transmitir ao aluno “eficientemente, informações precisas, objetivas e rápidas” (LIBÂNEO, 1992:29). Há alguns exemplos de escolas que se utilizam desta tendência, escolas que oferecem cursos apostilados de digitação, programação, cursos de aprendizagem em instituições como SENAC e SENAI.
A
comunicação entre professor e aluno possui um sentido exclusivamente técnico,
eficácia da transmissão e conhecimento. Debates, discussões são desnecessários.
A Pedagogia Progressivista é representada por Libertadora, Libertária e Crítica
dos Conteúdos, explicadas a seguir.
A
Tendência "critico- social dos conteúdos" foca que é papel da escola
que o aluno possua olhar crítico da sociedade a qual está inserido, e por meio
de sua criticidade, possa ser mais um instrumento de mudanças sociais.
Essa tendência tem por objetivo propagar conteúdos
contextualizados, estando em sincronia com a realidade.
A
escola faz parte da sociedade, e essa forma gerações para contribuir para a
sociedade, Portanto, forma jovens conscientizados e com leitura de mundo. Os
conteúdos são repassados, de acordo com a ligação entre o saber e sociedade,
não bastando apenas que conteúdos sejam repassados, mais sim que os alunos
liguem saber e sociedade como uma forma indissociável. Sua metodologia visa o
interesse do aluno.
Consiste no movimento das condições em que professor e alunos possam colaborar para fazer progredir essas trocas. O esforço de elaboração de uma pedagogia dos conteúdos está em propor ensinos voltados para a interação "conteúdos x realidades sociais".
Consiste no movimento das condições em que professor e alunos possam colaborar para fazer progredir essas trocas. O esforço de elaboração de uma pedagogia dos conteúdos está em propor ensinos voltados para a interação "conteúdos x realidades sociais".
A
Tendência pedagógica libertadora tem como inspirador Paulo Freire. Faz parte
deste processo alunos jovens e adultos. Considera a educação como o principal
meio de transformação social para a população que não obteve o acesso ao ensino
em período regular. Sua metodologia é o diálogo entre professor e aluno,
extraindo os conteúdos da realidade vivida pelo educando em detrimento dos
conteúdos utilizados na educação formal.
O
professor deve se adaptar ao nível do aluno para que o aprendizado seja mais
satisfatório, e sua relação com o aluno é de cooperação, pois, ambos são
sujeitos do ato do conhecimento. A relação de autoridade por ambas as partes é
nula. Seu objetivo é construir um cidadão crítico, capaz de entender o contexto
o qual está inserido. A educação é de caráter problematizador, ou seja, se dá a
partir da codificação da situação problema, envolvendo o conhecimento da
realidade, e conseqüente reflexão e crítica.
A
Tendência pedagógica libertária possui como principal característica, o
estimulo à autogestão, onde o aluno tem a livre escolha sobre quais conteúdos
deve estudar, de acordo com sua maior afinidade e sem cobranças por resultados.
As matérias são colocadas à disposição dos alunos, porem são estudadas de
acordo com o interesse do aluno. Seu objetivo é efetivar a abertura do sistema
escolar e criar grupos de pessoas com princípios educativos, com base na
participação grupal efetiva.
Nesta tendência, a educação formal é considerada um instrumento impessoal, comprometendo o crescimento dos educados na sociedade. Por isso, é viabilizada a aprendizagem informal via grupo, e dentro desta vivência, cada um dos membros do grupo irá suprir suas necessidades.
Nesta tendência, a educação formal é considerada um instrumento impessoal, comprometendo o crescimento dos educados na sociedade. Por isso, é viabilizada a aprendizagem informal via grupo, e dentro desta vivência, cada um dos membros do grupo irá suprir suas necessidades.
As
tendências Libertadora e Libertária possuem pontos em comum: ambas valorizam a
experiências e perspectivas dos alunos diante a realidade social, propiciando
mais valor ao processo de ensino-aprendizagem em grupo. A Tendência Crítico
Social, porém, propõe a superação das pedagogias tradicional e renovada, cujo a
escola é considerada a mediadora entre o individual e o social.
A
proposta de auxiliar a consolidação de um aprender o aprender é parte
necessária da educação. Portanto, todas as tendências possuem fundamentos e
aplicações, de acordo com as necessidades e épocas, e valorizam a formação de
indivíduos ativos na sociedade.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
1
– http://www.educadora.pro.br/index.php?id=7,5,0,0,1,0.
Acessado em: 18/09/2008, 13:23.
2
– http://members.tripod.com/pedagogia/democratizacao.htm.
Acessado em: 18/09/2008, 13:34.
BARBALHO, Célia Regina Simonetti. GHEDIN,
Evandro Luiz; BORGES, Heloísa da Silva; MONTEIRO, Ierecê Barbosa; PIMENTA,
Neylanne Aracelli de Almeida. Didática I. 3º edição. Manaus: Universidade do
Estado do Amazonas – PROFORMAR. 2006.
LIBÂNEO, J. C. Os significados da
educação, modalidades de prática educativa e a organização do sistema
educacional. Goiânia: Inter-Ação, v.16. 1992.
REFLEXÕES SOBRE AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
Certamente, para alguns alunos há um distanciamento
entre a realidade escolar idealizada e construída ao longo da formação inicial
e a realidade encontrada pelo professor no seu contexto escolar. Este
distanciamento impede que os professores construam propostas de ensino que
atendam necessidades educativas específicas.
A PRÁTICA PEDAGÓGICA ORIENTADA EM COMPETÊNCIAS
Surge nos países anglo-saxões a noção de
competências, o Brasil é influenciado a partir da implementação na França. O
termo surge, segundo Isambert-Jamati (1997, p. 132), como necessidade de dar
aparência de cientificidade ao discurso das capacidades para realizar tarefas.
Já para Perrenoud (1999), as alterações no mundo social determinaram o
surgimento do termo.
A noção de competência seguiu de um processo
evolutivo, cuja gênese, segundo Perrenoud, é a revelação de uma mudança onde a
escola passaria a se preocupar com a preparação para o enfrentamento das
situações da vida diária profissional.
O estudo de Ropé e Tanguy (1997, p.16), de forma
resumida, conceitua competência como uma noção geral, [...] inseparável da
ação, ou seja, relaciona-se o saber com o saber-fazer e o saber-ser. Os
Referenciais para Formação de Professores, o MEC sintetiza como alicerçada em
princípios que tem como meta desenvolver a educação de qualidade. Baseia-se no
pensamento de Perrenoud (1999, p.7) a respeito do desenvolvimento de
competências na escola e na formação de professores, que assim define
“Competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos
(saberes, capacidades, informações etc) para solucionar com pertinência e
eficácia uma série de situações”.
Para o professor e antropólogo Philippe Perrenoud,
estudioso das competências para a nova postura profissional exigida do
professor, é preciso reconhecer que os professores não possuem apenas saberes,
mas também competências profissionais que não se reduzem ao domínio dos
conteúdos a serem ensinados, e aceitar a idéia de que a evolução exige que
todos os professores possuam competências antes reservadas aos inovadores ou
àqueles que precisavam lidar com públicos difíceis.
Antes de ter competências técnicas, o professor
deveria ser capaz de identificar e de valorizar suas próprias competências,
dentro de sua profissão e dentro de outras práticas sociais. Isso exige um
trabalho sobre sua própria relação com o saber. Muitas vezes, um professor é
alguém que ama o saber pelo saber, que é bem sucedido na escola, que tem uma
identidade disciplinar forte desde o ensino secundário. Se ele se coloca no
lugar dos alunos que não são e não querem ser como ele, ele começará a procurar
meios interessar sua turma por saberes não como algo em si mesmo, mas como
ferramentas para compreender o mundo e agir sobre ele. O principal recurso do
professor é a postura reflexiva, sua capacidade de observar, de regular, de
inovar, de aprender com os outros, com os alunos, com a experiência. Mas, com
certeza, existem capacidades mais precisas:
·
Saber
gerenciar a classe como uma comunidade educativa;
·
Saber
organizar o trabalho no meio dos mais vastos espaços-tempos de formação
(ciclos, projetos da escola);
·
Saber
cooperar com os colegas, os pais e outros adultos;
·
Saber
conceber e dar vida aos dispositivos pedagógicos complexos;
·
Saber
suscitar e animar as etapas de um projeto como modo de trabalho regular;
·
Saber
identificar e modificar aquilo que dá ou tira o sentido aos saberes e às
atividades escolares;
·
Saber
criar e gerenciar situações problemas, identificar os obstáculos, analisar e
reordenar as tarefas;
·
Saber
observar os alunos nos trabalhos;
·
Saber
avaliar as competências em construção.
AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS FUNDAMENTADAS EM SABERES
Entendemos por saberes pedagógicos, como sendo
aqueles produzidos, não apenas transmitidos, nas instituições de
formação profissional, objetos de saber da prática docente e que fornecem
algumas formas de saber-fazer e algumas técnicas.
De acordo com Tardif (2002), o saber docente está vinculado à “natureza social” dos professores. Portanto, o saber docente está ligado à situação de trabalho com os seres humanos, um saber ancorado a tarefa complexa de ensinar, está situado a um espaço de trabalho, enraizado numa instituição e numa sociedade. Por se tratar de saberes produzido por professores em sua formação inicial através da prática docente, os saberes docentes, conforme nos relatam Altet (2001) e Tardif (2002), são provenientes do planejamento, organização, elaboração cognitiva da aula e pela experiência adquirida nas interações professor-aluno. Esses saberes são também temporais, assim, são saberes abertos a incorporarem experiências novas, conhecimentos construídos e adquiridos a partir de um remodelamento em função das mudanças das práticas.
De acordo com Tardif (2002), o saber docente está vinculado à “natureza social” dos professores. Portanto, o saber docente está ligado à situação de trabalho com os seres humanos, um saber ancorado a tarefa complexa de ensinar, está situado a um espaço de trabalho, enraizado numa instituição e numa sociedade. Por se tratar de saberes produzido por professores em sua formação inicial através da prática docente, os saberes docentes, conforme nos relatam Altet (2001) e Tardif (2002), são provenientes do planejamento, organização, elaboração cognitiva da aula e pela experiência adquirida nas interações professor-aluno. Esses saberes são também temporais, assim, são saberes abertos a incorporarem experiências novas, conhecimentos construídos e adquiridos a partir de um remodelamento em função das mudanças das práticas.
Para os futuros professores a possibilidade de
sucesso ou insucesso do processo pedagógico permanece, sempre que possível, em
função da atenção que se possa “despertar” no aluno (expressão
corporal, gestos, linguagem utilizada, disciplina e respostas imediatas às
perguntas dos alunos), sendo os demais aspectos apenas complementares da ação
pedagógica. Assim mesmo, um outro aspecto que perpassou as falas dos sujeitos
participantes, e que requer um estudo mais aprofundado, esteve centrado na
influência das condições institucionais da escola para o exercício da profissão
docente e para o desenvolvimento profissional.
O confronto entre a realidade escolar e os diversos
tipos de saberes, até então construídos no âmbito da sua formação profissional,
provoca diversos sentimentos, no futuro professor por não encontrar uma
ressonância entre “o que acredita saber”; “o que de fato sabe” e o que “deveria
saber”. Entendemos este impacto como ponto de partida para a reflexão em torno
de um desenvolvimento profissional no âmbito universitário que relacione as
experiências do futuro professor com saberes, produzidos no âmbito acadêmico,
necessários ao exercício da sua prática pedagógica.
A sociedade atual experimenta mudanças rápidas e
complexas devido ao fluxo de informações variadas e numerosas. Somos
estimulados continuamente, através de sons e imagens, a perceber um mundo
plural, colorido, virtual, interligado. Não podemos mais ignorar.
Diante do exposto, é emergente transformar a
relação que estabelecemos com a maneira de aprender. Não basta mais ter
informações a respeito de um determinado assunto, resolver os problemas de
qualquer forma, ou utilizando um determinado procedimento. Com a complexidade
que o mundo moderno apresenta, o sujeito contemporâneo necessita buscar as
informações, saber selecioná-las, analisar as possibilidades que elas oferecem
para solucionar uma situação problematizadora e adotar uma postura criativa,
com maturidade emocional para posicionar-se frente a qualquer escolha que venha
a fazer.
Entretanto, diante da necessidade de aprender, há a
dificuldade de aprender, que vem associada a sentimentos fortes de
incapacidade, sensações de angústia e baixa auto-estima. Não descartamos a
vontade de não aprender também. Desejo inconsciente, mas que traz consigo
sentimentos de medo e vergonha de crescer, de desenvolver-se, de amadurecer, de
enfrentar um mundo tão dinâmico e exigente.
A PRÁTICA PEDAGÓGICA REFLEXIVA
Diferindo da antiga tendência tecnicista, a prática
pedagógica reflexiva tem por maior objetivo incentivar a análise da própria
prática para criação de novas estratégias e melhoras na resolução de problemas.
E para isso, requer uma maior inter-relação entre educador e educando de modo
que se permita criar metodologias de ensino que melhor se se adapte a cada
educando.
Mentalidade aberta, responsabilidade e entusiasmo.
Estas são as atitudes presentes na prática pedagógica reflexiva segundo as
descrições de Kart e Raths (apud GARCIA, 1992) sobre o pensamente proposto por
Donald Schön, originado do pensamente de John Dewey.
Esta prática tem como principal base, a necessidade
de desenvolver a capacidade de pesquisa, análise, avaliação, criação de novas
estratégias e prática de comunicação. Com tais objetivos, visa romper com a
educação tecnicista, que se limita à aplicação de teorias e técnicas
científicas, sob influencia da racionalidade técnica.
Com a proposta de fornecer um pensamento autônomo e
facilitador de dinâmicas de formação autoparticipativa, a prática reflexiva
utiliza-se de uma relação Prática-Teórica-Prática que substitui a antiga
dialética Teoria-Prática. Fundamentando-se na reflexão e na capacidade de
análise da própria prática, resolve problemas e criam novas e melhores maneiras
de fazê-lo.
Com base nessa nova prática, definem-se duas
funções básicas do educador:
·
A função
didática: caracterizada pela gestão e estruturação de conteúdo, ou seja, o
conhecimento a ser lecionado.
·
A função
pedagógica: definida como a regulação interativa dos eventos em sala de aula,
ou seja, a forma de que o conhecimento é transmitido e melhor assimilado.
Devido a estas características de ensinar, o
educador passa a ser identificado como sendo “[...] capaz não apenas de agir e compreender
a sua ação, mas de comunicar as razões de suas decisões e atitudes” (GARCIA,
1992, p.59). Tais comportamentos são empreendidos com o auxilio da reflexão-na-ação.
Com base nisso, a prática fundamentada na reflexão
rejeita a aplicação passiva de planos educacionais, o educador é o sujeito das
transformações que se fazem necessárias na escola - como em práticas
pedagógicas e currículos - sendo um investigador em sala de aula.
É exigido do educador “[...] uma capacidade de
individualizar, isto é, de prestar atenção a um aluno, mesmo numa turma de
trinta alunos, tendo a noção de seu grau de compreensão e de suas dificuldade.”
(SCHÖN, 1992, p.82), pois não há um método único de ensino, mas à medida que o
educador atribui explicações a diferentes problemas, adquire o conhecimento de
um maior número possível de métodos, onde o melhor método será aquele que
melhor se adaptar as dificuldades individuais dos educandos.
Tais métodos são desenvolvidos gradualmente,
organizada em quatro momentos associados:
·
O educador
se deixa surpreender com as ações do educando.
·
Reflexão
sobre estas ações e a compreensão das causas da ação.
·
Reformulação
do problema que lhe causou surpresa.
·
Realização
de um experimento para testar a hipótese que formulou sobre a atitude do aluno.
Para um ensino fundamentado na prática reflexiva,
demanda de uma interação interpessoal entre educador e educando, podendo ser
adotadas metodologias de trabalho baseadas na cooperação entre alunos e
no trabalho em equipe, as quais facilitam a aprendizagem de forma
progressiva.
A prática encontra-se sempre num equilíbrio difícil e instável entre a realidade e a simulação. (GOMEZ, 1992, p.110).
A prática encontra-se sempre num equilíbrio difícil e instável entre a realidade e a simulação. (GOMEZ, 1992, p.110).
PRÁTICA PEDAGÓGICA ORIENTADA POR PROJETOS
A sociedade contemporânea é profundamente permeada
pelos conhecimentos e habilidades elaborados através dos processos formais de
escolarização. A escola, enquanto instituição moderna, é co-responsável pela
formação dos sujeitos, atuando concomitantemente com outras instituições
universais como a família e a religião (igreja), por exemplo. A Pesquisa em
Educação tem como um de seus enfoques essenciais a atividade formativa
desenvolvida pelas diversas instituições escolares através de sua prática
pedagógica.
As práticas pedagógicas se constituem por ações,
conhecimentos e valores do interno de um processo intencional e sistematizado,
com finalidades educativas e formativas, que possibilitam a simultânea
singularização, socialização e humanização dos sujeitos, envolvendo o complexo
de interações entre indivíduos e contextos. Contemporaneamente, configuram-se
na complexidade social e na diversificação das atividades educativas e
formativas.
As atividades de investigação educacional que
desenvolvemos sob a égide do projeto “Práticas pedagógicas contemporâneas” nos
instigam a interrogar sobre o quanto os projetos de pesquisa associados pelos
nossos mestrandos apresentam aspectos referenciais e critérios para suportar a
investigação da prática pedagógica. Por isso, apresentamos de modo breve cada
uma das pesquisas em andamento, discutindo suas temáticas e os problemas que
estabelecem e as possibilidades metodológicas eleitas para o seu
desenvolvimento. Tão sucinta abordagem sobre as possibilidades de discutir o
conceito de práticas pedagógicas serve muito mais para uma introdução à discussão
sobre a pluralidade de possibilidades e a diversidade de argumentos do que
atender à busca pela exatidão da sua definição.
CONCLUSÃO
Desenvolver competências nos alunos é a palavra de
ordem da educação moderna. Para formar pessoas preparadas para a nova realidade
social e do trabalho, o professor brasileiro enfrenta o desafio de mudar sua
postura frente à classe, ceder tempo de aula para atividades que integrem
diversas disciplinas e estar disposto a aprender com a turma. De nada adianta,
porém, exigir mudança do docente se a escola não diminuir o peso dos conteúdos
disciplinares e a sociedade não se empenhar em definir quais competências quer
que seus estudantes desenvolvam. Para os futuros professores a possibilidade de
sucesso ou insucesso do processo pedagógico permanece, sempre que possível, em
função da atençãoque se possa “despertar” no aluno, sendo os demais aspectos
apenas complementares da ação pedagógica.
Diante do exposto, é emergente transformar a
relação que estabelecemos com a maneira de aprender. Não basta mais ter
informações a respeito de um determinado assunto, resolver os problemas de
qualquer forma, ou utilizando um determinado procedimento. Com a complexidade
que o mundo moderno apresenta, o sujeito contemporâneo necessita buscar as
informações, saber selecioná-las , analisar as possibilidades que elas oferecem
para solucionar uma situação problematizadora e adotar uma postura criativa,
com maturidade emocional para posicionar-se frente a qualquer escolha que venha
a fazer.
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
BARBALHO, CRS (et al). Didática I, 3ed. Manaus:
UEA, Proformar, 2007. Site http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0135/aberto/mt_247407.shtml
acessado em 11 de setembro de 2008.
Site .http://www.unipe.ch/fapse/SSE/teachers/perrenoud/php_main/php_2000/
2000_31.html Acessado em 13 de setembro de 2008. Site www.ufrgs.br acessado em 13 de setembro de
2008.
MEDIAÇÕES DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM: FUNÇÃO SOCIAL DO ENSINO & O ATO PEDAGÓGICO DURANTE A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
Muito
se fala a respeito dos processos educativos e como estes influenciam na vida
das pessoas. Mas, como estes são construídos? Qual seria o fator determinante
na construção da vida dos homens tendo como base a Educação? Teria esta última
uma função social?
Se
observarmos os processos históricos, veremos com clareza que o cenário político
econômico e social define os moldes que a estrutura educacional tomará. Assim,
pode-se dizer que a formação intelectual dos indivíduos através do processo
educativo está atrelada a visão do ser humano a respeito de suas funções dentro
da sociedade. O papel social da escola tradicional era preparar o indivíduo
para o mercado de trabalho, para dar continuidade aos processos produtivos que
a sociedade necessita para se manter, ou seja, a força produtiva é o foco nesse
contexto. As decisões estão centradas nas esferas que tem o maior poder
aquisitivo, que fazem o possível para manter sua hegemonia dominante através
das mais diferentes táticas, inclusive através da imposição de determinada
Ideologia. Com uma sociedade democrática, teoricamente o ensino deveria ser
igualitário, tornando assim a sociedade mais unificada, onde todos teriam os
mesmos privilégios.
Com
a visão de um mundo globalizado e através dos inúmeros conflitos de ordem
social,é possível vislumbrar muitas coisas que há algum tempo atrás não era tão
claro, como a possibilidade de mudança, e esta tem como ferramenta fundamental
a educação.
Logo,
o papel social da educação deve ser a formação de indivíduos que possam
compreender, julgar e intervir na sociedade de forma crítica. O que não
acontece na formação voltada para o mercado de trabalho, que condiciona o homem
a um comportamento mecanizado. A questão tecnológica conflita diretamente com a
função social do ensino, pois esta visa os interesses dos grupos privilegiados
que se sentirão intimidados pelo aumento de pessoas que conseguem fazer uma
análise crítica da sociedade, por isso, com certeza, não farão investimentos
nesse campo da educação.
A
escola deve oferecer um ambiente para uma análise das realidades e construção
de novos conhecimentos, com formação técnica, política, ética e sensitiva. Esse
conjunto seria essencial para a formação dos indivíduos na escola.
Falando
de processos educativos, alguns pontos são essenciais para que os processos de
ensino-aprendizagem sejam de fato satisfatórios e gerem sujeitos da ação, e não
figurantes que só servem como mecanismos da grande engrenagem Capitalista, são
eles: a dimensão social, interpessoal, pessoal e profissional,ou seja, a visão
que cada um tem dentro de determinados grupos, dos quais fazem parte, seja em
casa, no trabalho, no bairro, cidade, etc.( Não vivemos em uma sociedade
igualitária, a sociedade é formada pelos mais diferentes tipos de realidades,
pessoas, lugares e costumes diferentes. O Brasil é um exemplo desse grande
sincretismo, logo, então, é fato que o modelo educacional não deve ser fechado
ou delimitado, pois, tal qual o conhecimento, ele está em constante mudança,
adequações necessárias para contemplar acontecimentos, mudanças, etc. A interação
do sujeito com o seu meio,z como um participante ativo, é condição sine qua
non para a compreensão dessa esfera e a partir disso construir estratégia
de mudança, caso se faça necessário. A educação deve despertar no indivíduo
esse interesse e prover mecanismos que lhe permita estabelecer comparação entre
o que lhes é exposto nos livros e sua realidade.
O
cidadão deve ser responsável pelas suas ações e deve procurar estabelecer uma
boa relação com os que estão em torno. A escola deve promover a reflexão da
realidade dos indivíduos, com isso a tendência é a criação e o fortalecimento
do senso crítico, possibilitando uma intervenção direta na realidade.
Para
Marx o trabalho dignifica o homem, mas não da forma que é colocada, como uma
mão de obra escrava. Os homens devem ser capazes de administrar seu trabalho
para que não se tornem escravos dele. A ferramenta utilizada atualmente pelos
grandes donos do capital é a Ideologia Capitalista. “Você é o que pode
comprar”, os homens só terão dinheiro se trabalharem mais e mais e com isso
quem ganha são os industriários. Se esses trabalhadores forem conscientes de
suas necessidades e de sua função social, não serão prezas fáceis para essa
escravidão ideológicas, e aos poucos construirão novos meios para se manter sem
serem escravos
A
evolução da História da Educação nos mostra que para se construir indivíduos
capacitados a enfrentar todas as mazelas do cenário atual, têm que sair dos
velhos moldes e não mais ficar presa a velhas crenças e tabus, tem que inovar
ser autêntica e priorizar a existência de disciplinas que levem os alunos a
construírem sua visão política e social como indivíduos do processo.A
interdisciplinaridade é uma realidade, não aceita-la é negar a globalização.
(Freire1980,p30)Levando em consideração a grande importância dos processos
educativos em nossa sociedade, resta-nos saber como se dão os processos de
ensino-aprendizagem e que pré-requisitos devem ser atendidos para que exista a
real possibilidade de êxito.
Com
certeza o Ato Pedagógico em si está intrinsecamente ligado à construção do
conhecimento. Podemos dizer também que os processos educativos estão além das
barreiras delimitadoras de uma sala de aula. O “ato de ensinar” não é
delimitado, e nunca tem fim. Duas coisas são essenciais no ato pedagógico de
ensinar: uma leitura de mundo crítica e planejamento. As coisas não podem
acontecer de forma desorganizada, embora muitos teóricos defendam o ponto de
vista de que o planejamento pode delimitar algumas coisas e impedir que os
indivíduos vão além do que é posto inicialmente. (Saviani). O planejamento das
ações deve levar em consideração a aplicabilidade das ações que foram
propostas, o meio, o público alvo e a realidade social na qual estão imersos.Os
processos de ensino aprendizagem constroem indivíduos por isso, o como desse
processo diz muito a respeito de seus resultados.
A
produção de conhecimento deve levar em consideração a abordagem critico-social
dos indivíduos que não devem ser meros repetidores, e sim construtores reais de
conhecimento.
Condição
fundamental para que isso aconteça realmente é o interesse do aluno, e a tomada
do estudo da realidade que o cerca como algo realmente importante e não somente
como algo que é necessário para a escola. O “aprender” está além da compreensão
de símbolos, está sim ligado a possibilidade de mudança, de apropriação de sua
realidade, a analise critica da realidade que nos cerca nos permite ver além do
que esta dito, nos permite ver o que está posto de maneira realista e não de
forma mascarada pela ideologia dominante.
Dentro
desse contexto social, o educador exerce um papel de fundamental importância,
ele é o responsável pela construção dos alicerces sociais, afinal de contas é
com a educação que se constrói uma sociedade crítica e capaz de superar grandes
obstáculos. O docente deve ser dotado de uma leitura de mundo que lhe
possibilite ser um multiplicador ativo dentro do processo de perpetuação do
indivíduo quanto a ser social.
A
função do educador é a de um mediador entre o conhecimento e o educando, levando
em consideração que o primeiro está em eterna construção, o educador deve
manter-se na vanguarda do conhecimento, deve ser um indivíduo a frente de seu
tempo, dotado de senso crítico e habilidade no trato com as pessoas frente às
novas tendências sociais. Não se deixando abater pela pressão exercida pelo
“grupo composto pela classe dominante” que é contra a criação de seres dotados
de criticidade.
A
educação exerce um papel fundamental em nossa sociedade, isso é fato, por isso
precisa acontecer de forma autêntica, preocupando-se realmente com a formação
dos indivíduos e não seguir o que é determinado pelos grandes donos do capital
que tem somente a preocupação em criar peças importantes em sua linha de
produção.
APRENDIZAGEM
Aprender
é compreender, ou seja, construir sistemas de representação cada vez mais
aprimorados que ofereçam ao sujeito cada vez mais possibilidades de ação sobre
o mundo, é uma mudança do comportamento, adquirida pela experiência, pela
observação e pela prática. Não se pode ensinar alguma coisa a alguém, pode-se
apenas auxiliar a descobrir por sim mesmo. Conhecimento não são coisas e a
memória não é um sistema de arquivo. Através da educação é que se pode ler o
mundo, escrever sua própria palavra, e ter o poder de transformar o meio
em que o cerca.
Uma
boa aprendizagem depende da colaboração e da interação entre escola, professor
e aluno, para que este possa desenvolver suas habilidades racionais, emocionais
e culturais.
SISTEMAS
E PROCESSOS NA APRENDIZAGEM
Para
fortalecer o processo de aprendizagem dos alunos é necessário um sistemático e
metódico planejamento de ensino que responde a um processo de racionalização
das atividades dadas no modo como se constrói o conhecimento na escola e na
sala de aula. Há de ter como ponto de partida o contexto da escola, seu projeto
pedagógico e a cultura geral que compõe o conjunto de saberes.
Neste
sentido, só há transmissão de conhecimento quando um projeto de ensino encontra
um projeto de aprendizagem, quando se forma um elo entre um sujeito que pode
aprender e um sujeito que quer ensinar. Para isso é preciso que o professor
domine os conhecimentos que os alunos devem adquirir, que compreenda seus
princípios e suas lógicas, que examine todos os recursos que elas oferecem,
todas as abordagens, todos os caminhos que lhe permitam ter êxito.
O
sistema de aprendizagem preocupa-se em analisar a realidade escolar, através
dessa análise busca-se a reflexão sobre o assunto e procura-se prever a melhor
forma para resolver os problemas abordados.
Cada
pessoa tem seu modo de perceber e compreender o mundo e a si mesmo. Diante
dessa percepção pode-se dizer que o processo de aprendizagem se dá pela
produção, elaboração e reconstrução do conhecimento, através da escola.
O
processo de aprendizagem refere-se à atividade mental da pessoa que está
aprendendo organizar o conteúdo passado e poder por em prática. O professor
pode criar determinadas condições favoráveis para que esse processo realize-se,
instruindo e auxiliando o aluno na conclusão de sua percepção sobre determinado
assunto.
Neste
sentido através de Pozo (2002;1998) e Marimo (1999) destaca-se quatro planos
distintos do processo de aprendizagem:
·
Conexão entre unidades de informação.
Nossa mente está instalada num sistema nervoso com certas qualidades
funcionais. Nosso cérebro é composto por redes de neurônios, que se ativariam
ou não dependendo da estimulação recebida.
·
A aquisição e mudança de representações.
A conexão entre essas unidades de informação gera representações do mundo, que
são as que a mente humana manipula e com as quais trabalha para executar suas
tarefas. Essas representações seriam algo parecido com a informação que aparece
na tela do computador.
·
A consciência reflexiva como processo de
aprendizagem. Nossa representação de uma tarefa pode mudar porque se
estabelecem novas conexões, em um nível elementar, entre unidade de informação,
ou devido a mudanças na organização dinâmica de nossa memória, na motivação ou
na atenção, como conseqüência da mecânica do sistema cognitivo.
·
A construção social do conhecimento. Nos
três planos anteriores, a aprendizagem é produto da ativação de diferentes
processos que ocorrem dentro do aluno. Essa teoria defende que a aprendizagem é
algo que se produz entre pessoas. As representações não se armazenariam na
mente do aluno, mas estariam distribuídas para que houvesse a interação social.
Os
processos de aprendizagem, embora se vejam influídos ou modulados
culturalmente, respondem à peculiar dinâmica do sistema cognitivo humano que
ocorrem dentro do aluno.
CONDIÇÕES
DE APRENDIZAGEM
As
condições de aprendizagem são o que podemos manipular e fazer variar,
independentemente das características e necessidades do aluno, ou seja, a
prática. Um bom projeto instrucional é aquele que aproxima os diversos
componentes da aprendizagem.
Não
há um só tipo de prática eficaz para todas as aprendizagens, mas a mais citada
é a quantidade de prática e sua distribuição temporal: quanto mais
praticamos algo, mais provável será que o aprendamos.
Muitos
processos de instrução fracassam porque não asseguram ao aluno a prática
necessária. Em geral os resultados mais complexos requerem maior quantidade de
prática.
Cooperar
para aprender costuma melhorar a orientação social dos alunos. O tipo de
interação fomentado entre os alunos pelos professores condiciona também a
tarefa que o professor deve desempenhar nas atividades de aprendizagem.
Cada
professor tem sua forma de trabalhar. Há os que proporcionam aos alunos
informação, fatos e dados, que tem as respostas de que o aluno necessita.
Outros que se mostram como modelo através de seu comportamento, atitudes e
habilidades.
Mas
todos esses tipos estão em busca de uma boa transmissão de conhecimento não
esquecendo a realidade em que o aluno está inserido.
RELAÇÃO
PROFESSOR-ALUNO X APRENDIZAGEM
O
primeiro saber, básico para qualquer educador é o da compreensão da realidade.
Onde está situada a escola, como são seus alunos e o que fazem. É a interação
entre professor e aluno que vai dirigir o processo educativo, através dela pode
facilitar e ser orientada para uma direção.
A
relação entre professor e aluno, já visto que cada um exerce papel diferente,
primeiramente é o professor que tem a maior parte da iniciativa, também a competência
e o domínio na sala de aula.
Atualmente
o aluno já vem completamente informado, mas como é preciso estudar, vem pronto
para aprender os conteúdos e disposto a aceitar inovações.
A
reciprocidade é essencial que é o principio e a base de uma boa colaboração,
contribuindo para a realização parcial do projeto do aluno. O professor
continua a aprender, ele é verdadeiramente ensinado pelos seus alunos e, assim,
recebe deles ocasião e permissão de realizar seu próprio projeto de
conhecimento e de saber, mas tendo em foco o aprendizado do aluno. Não pode
apenas ter um conhecimento vago da realidade em que o aluno vive, mas sim
compartilhar emoções para que haja uma boa relação e conseqüentemente um bom
aprendizado. O professor tem que ser o mediador, o facilitador de idéias.
Ensinar não é transmitir verdades absolutas e sim refazer, transformar o
conhecimento adquirido.
Somente
através da colaboração e interação entre professor e aluno, pode-se conseguir
uma realidade escolar diferente das antigas formas de transmissão do
“conhecimento”.
Fontes: