Blog “Educação, Didática,
Pedagogia e Andragogia”, de autoria de Superdotado Álaze Gabriel.
SEUS GESTOS E SUA POSTURA EM SALA DE AULA DIZEM
MUITO E PODEM AJUDÁ-LO A LECIONAR — OU ARRUINAR A EXPOSIÇÃO DE UM ASSUNTO. VEJA
COMO ATUAR CORRETAMENTE.
Ah, as
maravilhas da comunicação sem palavras. Certamente você conhece colegas que
usam diversos truques para chamar a atenção dos alunos. Alguns dão um tapinha
na mesa. Outros acendem e apagam as luzes da sala rapidamente. Outros fazem
aquele "hum-hum" com a garganta. Existem os que mudam completamente
o ambiente de uma sala de aula apenas com um olhar.
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Você certamente conhece vários truques como esses.
Lembro de uma professora que era capaz de dobrar o indicador para trás até que
ele ficasse quase a 90° do dorso da mão. E era dessa maneira que a educadora
reforçava alguns pontos. Escrevia algo no quadro e pressionava o dedo ali,
contra a lousa. Toda vez que nós, alunos, víamos aquele dedo para trás, numa
posição antinatural, sentíamos um friozinho no estômago, mas prestávamos mais
atenção, tanto ao dedo, quanto à matéria que ela estava apontando.
E também, lógico, tem o caso do professor que usava
o apoio de giz (aquela madeira que fica embaixo do quadro-negro) como apoio de
si mesmo. Ele chegava, pousava a mão direita sobre o apoio, cruzava as pernas e
começava a falar...até o dia em que, finalmente, a madeira não agüentou o peso,
quebrou e o pobre educador levou um tombo magistral.
Tais exemplos são apenas a ponta de toda uma
comunicação que passamos aos outros e, na maioria das vezes, nem nos damos
conta. Acompanhe.
ESPAÇO, A FRONTEIRA INICIAL
Para alguns professores, a sala de aula limita-se a
2 metros à frente do quadro-negro. A partir daí, é território dos alunos,
conforme afirma um Tratado de Tordesilhas imaginário auto-aplicado.
Outros, circulam pela sala, encostam-se na parede
do fundo e de lá dão suas aulas. Os alunos têm duas opções: ou permanecem
voltados para o quadro-negro, só ouvindo o que o educador tem a dizer, ou
torcem-se para visualizar o professor.
E há ainda aqueles que caminham entre as fileiras
de alunos como um militar em revista à tropa.
Todos esses são estilos que podem ser melhorados,
conforme a situação. Algumas dicas:
-> Crie âncoras visuais para seus alunos. Desde
o primeiro dia de aula, defina determinado canto para assuntos leves e piadas,
outro canto para falar sobre a matéria, um canto para interação direta com os
alunos. Você não precisa dizer nada para eles, apenas se movimentar para aquele
ponto da sala de aula toda vez que desejar tomar uma ação específica. Assim,
sempre que os alunos o virem caminhando para a posição descontraída já
começarão a relaxar, e sempre que você for para o local da interação já
começarão a imaginar algumas questões. Caso você tenha pouco espaço disponível
em sua sala de aula, pode substituir esses "cantos" por gestos, como
abrir os braços de certa maneira seguido de um "Bom. Perguntas?". Com
o passar do tempo, você não precisará falar mais nada, basta o gesto.
-> De vez em quando, mude a disposição das
carteiras ou dos alunos. O simples fato de sentar em outro lugar já muda toda a
perspectiva do aluno em sua aula. Ele passa a prestar atenção a novas coisas,
vê a matéria de maneira diferente. Isso também ajuda sua turma a se conhecer
melhor, ajudando a acabar com as panelinhas.
-> Circule pela sala de aula, com movimentos
calmos e tranqüilos. Cuidado para não ficar muito tempo parado ao lado de um
mesmo aluno. Geralmente, como os intervalos entre as filas de carteiras são
apertados, sua proximidade física pode incomodar. Assim, ande entre duas
fileiras um dia, entre outras duas em outra ocasião, e assim por diante.
-> Pense na sala como um todo. Você dá aula
tanto para o pessoal da primeira fila como para a turma do fundão. Faça contato
visual com alunos que sentam em locais diferentes, na hora de mostrar algo,
faça-o tanto à altura de sua cabeça, para que o pessoal de trás veja, como um
pouco abaixo da altura de seu peito, para o pessoal das três primeiras
carteiras.
ERROS A
SEREM EVITADOS:
Eis aqui
algumas posturas que devem ser evitadas durante suas aulas:
·
Ficar
parado em um ponto, apoiando-se de lado. A mensagem oculta que esse professor
passa é “estou chateado e preferia estar em outro lugar”. Solução: quando estiver
parado, mantenha seu peso uniformemente equilibrado e os quadris nivelados.
·
Encostado
em uma estante ou parede. A mensagem que passa diz “Estou cansado demais para
ficar em pé”, ou “não quero nem me incomodar em dar essa aula”. Solução: evite
apoiar-se, ou o faça por períodos muito curtos.
·
Sentado à
mesa onde se encontram suas anotações. O que tal educador diz é: não preciso
fazer nenhum esforço aqui, pois sou mais importante que vocês. Solução: a não
ser em determinados momentos (como chamada e correção de provas), fique em pé.
COMO OS
OUTROS O VÊEM
·
Na hora
de se vestir, cuidado com o básico. Que é preciso manter suas roupas em ordem e
não usar acessórios exagerados, isso ninguém discute. Mas é preciso ampliar um
pouco essa regra para incluir o bom senso. Existem professoras que dão aula em
faculdades e usam minissaias. Depois querem que os alunos prestem atenção às
aulas.
·
O cuidado
com acessórios exagerados inclui também o que não é visto, mas ouvido e
sentido. Perfumes muito ativos devem ser barrados, assim como sapatos que
rangem ou cujo salto faça "toc-toc-toc" a cada passo que você dá. E
outra vantagem inerente a sapatos silenciosos: os alunos não escutarão você
chegando na sala.
·
Separe
tempo para exercícios físicos no mínimo três vezes por semana. Além de aumentar
sua capacidade pulmonar e cardíaca, fazendo com que você se expresse melhor em
sala de aula, os exercícios aumentam sua disposição. Há poucas coisas piores do
que assistir uma aula de um professor com cara de ontem.
·
Cuidado
com seu estilo. Assim que os alunos o virem pela primeira vez, vão formar um
conceito de você para o resto do ano. Então, escolha suas roupas conforme a
mensagem que deseja passar. Jeans e camiseta são a marca de uma aula
descontraída, com muita participação dos alunos. Um tailler elegante representa
o sucesso que aquela educadora alcançou, mas também que pode-se esperar uma
aula um pouco mais rígida. Professores homens, nessa área, têm mais sorte. Para
mudar de um visual totalmente catedrático e de imposição para alguém próximo
aos alunos, basta tirar o paletó e dobrar as mangas da camisa.
·
É
recomendável expor o seu rosto, não escondê-lo atrás de óculos escuros, barba,
cabelos. Você não tem nada a esconder.
O STRESS QUE DEFORMA
Respiração curta, que quase não oferece fôlego para
frases mais longas. Músculos do pescoço retesados, ombros encolhidos. Gestos
curtos, rápidos, feitos à altura da cintura. Sem dúvida, estamos diante de um
professor com estress que, como se vê, prejudica a aula mais do que se percebe.
Nessa situação, tentar um sorriso, dar a aula na mesma entonação de sempre, não
adianta. Os alunos percebem que algo não está bem com o professor através
daqueles sinais que ele não controla. Algumas dicas para impedir que o stress
estrague suas aulas.
·
Levante
quinze minutos mais cedo para que sua manhã seja menos apressada.
·
Evite
marcar compromissos demais para um dia. Seja realista. Você não vai conseguir
dar quatro aulas, levar a turma ao museu, corrigir as provas e ir ao dentista
no mesmo dia.
·
Aprenda a
dizer não a projetos e atividades da comunidade se você não tem tempo
disponível.
·
Tenha
certeza de conseguir uma boa noite de sono.
·
Relaxe
nos fins de semana.
·
Foque no
que está acontecendo hoje em vez de se preocupar apenas com o amanhã.
·
Estabeleça
uma distância emocional do seu trabalho. Ensinar é uma profissão em que o
trabalho nunca acaba, e pode facilmente ocupar todos os
momentos disponíveis da sua vida. Dê-se permissão para trabalhar um razoável
número de horas por dia e tenha tempo para você, sua família e amigos.
PASSE CONFIANÇA
A pessoa autoconfiante apresenta uma postura ereta,
calma e aberta, com as mãos pendendo ao lado do corpo, ou no colo. Pode cruzar
os braços e as pernas, mas sempre de maneira relaxada.
A expressão facial também é relaxada, mostrando
sinceridade, confiança e receptividade. A pessoa autoconfiante cumprimenta os
outros com um sorriso verdadeiro. As mensagens da linguagem corporal apenas
costumam ser percebidas no nível subconsciente, mas são muito significativas em
relacionamentos entre pessoas.
Os movimentos são constantes, controlados e
relaxados. Uma pessoa autoconfiante tem a tendência de se inclinar na direção
de seu interlocutor, mas ainda mantendo a cabeça ereta numa postura receptiva
em vez de ameaçadora. Os gestos são apropriados para a conversação, sem
maneirismos excessivos ou impertinentes. O contato visual é direto e regular,
mostrando atenção e interesse.
Uma dica para melhorar sua postura: ao assistir um
filme ou televisão, tente descobrir o que está acontecendo sem prestar atenção
no som. Interprete o relacionamento entre as pessoas simplesmente por suas
expressões, movimentos e gestos. Você ficará surpreso com o quanto será capaz
de deduzir.
SAÚDE TAMBÉM CONTA
Além da postura que o ajuda a ensinar, existe
aquela que evita problemas no futuro. Seu corpo pode começar a reclamar mais
cedo do que imagina. Má postura ao sentar ou caminhar pode causar desde dores
até invalidez após alguns anos. Então, a primeira regra é não se permitir ficar
muito tempo em uma mesma posição. Se estiver há mais de uma hora sentado,
levante-se. Se estiver há mais de uma hora parado, em pé, ande um pouco.
Acompanhe outras dicas:
·
Quando
estiver sentado, procure não ficar com os ombros caídos. O encosto reto da
cadeira ajuda a manter a coluna ereta, evitando dores nas costas.
·
Nunca
suba escadas com a coluna inclinada para a frente. Suba com a coluna ereta e o
pé completamente apoiado no chão.
·
Para
erguer qualquer objeto do chão, o correto é flexionar os joelhos e manter a
coluna ereta; o peso deve ficar o mais próximo possível do tronco.
·
Não durma
de bruço. Prefira dormir de lado ou de barriga para cima.
·
Não
carregue, em nenhuma hipótese, peso na cabeça. O ideal é dividir o peso
proporcionalmente para os dois lados do corpo.
Preste bastante atenção às condições do piso antes
de carregar qualquer peso, para evitar tropeções, escorregões e torções.
BIBLIOGRAFIA
RECOMENDADA:
NETO, Brasílio Andrade. A aula que você dá enão vê.
Profissão Mestre. Curitiba, n.40, p.14-17.
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