quinta-feira, 16 de maio de 2013

A ANDRAGOGIA: NOVA ARTE DE FORMAÇÃO



Blog “Educação, Didática, Pedagogia e Andragogia”, de autoria de Superdotado Álaze Gabriel.


INTRODUÇÃO

O termo Andragogia surge como disciplina e parte integrante das ciências da educação, mais especificamente para o campo da educação dos adultos, em 1967 com o artigo publicado por Malcolm Knowles, intitulado «Andragogy, not Pedagogy».
No entanto, segundo Osorio (2003) este termo já tinha sido usado, pela primeira vez em 1926, no contexto anglo-saxão, por Lindeman, aquando a publicação da sua obra “The Meaning of Adult Education”. Desta forma, Lindeman foi um grande impulsionador da educação de adultos, defendendo, já na altura, que a educação é vida e não preparação para vida, e que a educação de adultos se centra em ideais não exclusivamente profissionais, em que o seu enfoque se direcciona no caminho das «situações de vida» e não nos temas ou conteúdos, e em que o seu principal recurso são as «experiências de vida», Osorio (2003).
Malcom Knowles, vem mais tarde, defender com mais veemência e rigor o propósito de uma disciplina da educação e formação de adultos, a Andragogia. Segundo Osorio:


Knowles, será quem mais se empenha na defesa de um termo independente para se referir à prática e ao estudo de adultos com base no facto de, apesar de alguns princípios da educação infantil serem aplicáveis à dos adultos, a sua posição social, as suas responsabilidades perante os outros e as suas funções são muito diferentes das primeiras idades e isso exige uma nova disciplina. (2003, p. 92).

De acordo com Canário (1999), seria através da Andragogia, considerada por Knowles como a “nova arte da formação”, que se tornaria possível acabar com a forma de educar os adultos como se fossem crianças, deixando de lado o modelo pedagógico, consolidado na forma escolar tradicional.
O modelo andragógico surge então associado a uma contradição do modelo pedagógico, sendo pertinente reportar-nos para as diferenças que lhes estão subjacentes. Como refere Osorio (2003, p. 93):

A andragogia é, portanto, a arte e a ciência de ajudar os adultos a aprender, por oposição à pedagogia como arte e ciência de ensinar as crianças. A andragogia baseia-se noutros pressupostos de aprendizagem e de acção com os adultos. Portanto é necessário um salto qualitativo no momento de estudar, compreender e praticar a educação de adultos.

Para uma compreensão mais clara das diferenças e pressupostos dos dois modelos, apresentamos de seguida um quadro, onde se resume, quer um conjunto depostulados do modelo pedagógico, quer as contra-hipóteses andragógicas.
Assim, a Andragogia surge como contradição ao modelo pedagógico, centrando-se numa etapa de vida onde os interesses e as motivações são diferentes, passando da aquisição fundamental de conhecimentos com base em conteúdos disciplinares (modelo pedagógico) para o desenvolvimento de competências, através da resolução de problemas e com o recurso a experiências de vida1. Posto isto, como afirma Osorio (2003), o seu principal ponto de referência apoia-se no fato evolutivo que marca uma tendência na natureza humana – de uma maior dependência a uma maior independência.
Com o avanço desta evolução é exigido um tipo de relação educativa e de aprendizagem distinto. No entanto, ao analisar atentamente os seus pressupostos, Canário (1999) afirma que a visão da andragogia como uma perspectiva original e “revolucionária” da situação educativa, torna-se bastante limitada se se considerar o seu carater simplificador, dicotômico e normativo sobre a ação educativa. Ao se constituir um contraponto a uma pedagogia escolar tradicional, converte-se fundamentalmente numa teoria específica da «aprendizagem adulta» (Osório, 2003). Este antagonismo entre a pedagogia e a andragogia apresenta-se, em grande medida, factício, sendo possivelmente mais sensato diferenciar os variados métodos de formação (Léon, cit. In Canário, 1999), em que a multiplicidade combinatória deverá corresponder à diversidade dos públicos jovens, adultos e crianças. Esta distinção, mas sobretudo a oposição maniqueísta estabelecida entre a andragogia e a pedagogia é expressamente reforçada, como refere Canário (1999), por Knowles, ao considerar o modelo pedagógico idealista, enquanto que o modelo andragógico se apresenta como “um sistema contra-hipóteses”, sendo esta a diferença fundamental entre ambos.
R. Flecha (cit, in. Osorio, 2003) na sua concepção, não perspectiva a idade como factor decisivo para a criação de uma independência no processo de aprendizagem, uma vez que a educação e formação de adultos deverá ter em atenção elementos gerais da fundamentação educativa e também de outros elementos próprios do seu campo. Desta forma, e parafraseando Osório (2003) “(…) o conhecimento e a fundamentação da educação de adultos deve contemplar os elementos gerais da educação, assim como os próprios, sem com isso optar por uma disciplina especifica como a proposta por Knowles e outros autores”.
A solução não passaria por a construção de um processo de aprendizagem adulta, pois tanto as crianças como os adultos são independentes (em diferentes graus, mas não em diferentes naturezas) e inovadores nos processos que utilizam. Knowles não é indiferente aos limites radicais entre os dois modelos, referindo que o
A. Krajn (1993) propõe um ciclo andragógico estruturado em cinco fases:

1. Identificação das necessidades educativas: O andragogo tem que identificar as verdadeiras necessidades educativas dos adultos. Estabelecem-se metas e objectivos com a finalidade de satisfazer as necessidades individuais e sociais do sujeito;

2. Planificação do programa: a eficácia da educação de adultos depende, aquando a iniciação da formação, se tenha em conta a experiência prévia e o nível educativo dos alunos. O programa deve estar aberto a mudanças que poderão surgir quando se revelam novas necessidades educativas;

3. Planificação dos métodos: Devem estar adequados aos hábitos e às técnicas dos adultos;

4. Aplicação do programa: Essencialmente o trabalho em grupo, porém o estudo independente também permite aos indivíduos uma maior responsabilidade pela sua própria aprendizagem;

5. Avaliação dos resultados e rediagnóstico da aprendizagem: Tendo em conta que a educação de adultos se afirma como uma espiral de ciclos andragógicos, orientados para um objectivo educativo definitivo que, na realidade, nunca se consegue alcançar, uma vez que se centra no «pleno desenvolvimento do ser humano», torna-se difícil a sua avaliação. Os métodos actuais de avaliação são insuficientes para avaliar mudanças quer na personalidade, nas atitudes e até mesmo nos valores produzidos pela educação dos indivíduos. (in Osorio, 2003).
No entanto, ainda que a proposta de Knowles tenha recebido algumas criticas, o certo é que contribuiu, efectivamente, para a abertura a uma teorização e prática diferentes do modelo escolar e compensatório. Desta forma, segunda Canário (1999) o contributo principal da andragogia esbateu-se, exactamente, no encorajamento de práticas de educação alternativas que permitiram uma crítica, um enriquecimento e uma superação da forma escolar.
Concludentemente, Canário (1999) afirma que para se sair do impasse a que o conceito de andragogia se alicerçou, é necessário, e só assim será possível, a criação de uma nova epistemologia de aprendizagem do adulto, que segundo Bourgeois e Nizet (1997, cit. in idem), tenha em conta o funcionamento e desenvolvimento humano.


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